sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Conflito mata ao menos 20 na Líbia e sete no Bahrein

Confrontos entre opositores e grupos pró-governo da Líbia deixaram ao menos 20 mortos em quatro cidades.

Muammar Gaddafi, há mais de 40 anos no poder, mobilizou até atiradores de elite para conter protestos.

Na capital, Trípoli, partidários de Gaddafi se reuniram em apoio ao ditador. No Bahrein, sete morreram desde segunda. Os militares ocuparam a praça da Pérola.

ONDAS DE REVOLTA

Conflitos na Líbia registram 20 mortes
Forças do ditador Gaddafi mobilizaram até atiradores de elite para conter protestos em quatro cidades do país

Segundo Irmandade Muçulmana, homens do Exército dispararam munição letal para dispersar multidões

Opositores do ditador Muammar Gaddafi promoveram ontem um "dia de fúria" na Líbia, com atos em pelo menos quatro cidades. Choques entre opositores e grupos pró-Gaddafi já deixaram ao menos 20 mortos desde anteontem, segundo relatos das agências de notícias.

A onda de protestos que assola os países do Oriente Médio há dois meses atingiu anteontem a primeira cidade líbia, Benghazi -a segunda maior do país e tradicional reduto da oposição.

Segundo o site de oposição Al-Youm, forças de segurança enviadas por Gaddafi tentaram reprimir os protestos e mataram a tiros ao menos seis manifestantes ontem.

O mesmo site afirmou que, na cidade de Beyida, atiradores de elite das Forças de Segurança Interna mataram outros quatro manifestantes.

Já o ativista líbio Fathi al-Warfali, que mora na Suíça, disse que chegou a 11 o número de mortos naquela cidade na noite de anteontem.

Mohammed Ali Abdellah, vice-líder do movimento clandestino Frente Nacional de Salvação da Líbia, afirmou que está havendo escassez de medicamentos nos hospitais de Beyida.

Segundo ele, como represália aos protestos, o governo teria cortado o fornecimento de suprimentos às instalações médicas locais. Os feridos na cidade chegam a 70.

Houve ainda protestos na cidade de Zentan, onde dois manifestantes foram mortos, e Rijban, que teve uma pessoa assassinada, de acordo com o também antigovernista Comitê Líbio pela Verdade e pela Justiça.

As cidades de Darnah e Ajdabiya também teriam registrado agitação.

A organização Human Rights Watch afirmou que 14 pessoas foram presas durante as manifestações.

Como ocorreu no Egito e na Tunísia, opositores estão usando páginas de relacionamentos na internet para organizar protestos.

A TV estatal não está transmitindo os protestos e forças do regime estão impedindo a imprensa de trabalhar livremente. Grande parte das informações sobre manifestações, mortos e feridos é fornecida por testemunhas e fontes fora da Líbia.

A Irmandade Muçulmana da Líbia afirmou que o controle da mídia é uma tentativa de impedir que abusos supostamente cometidos pelas forças de segurança e partidários do governo sejam divulgados pelo mundo.

Em comunicado, a entidade acusou forças de segurança e comitês revolucionários de usar munição letal para dispersar as multidões de manifestantes -o que estaria causando as mortes.

REAÇÃO

O governo tomou ações rápidas na tentativa de impedir que os protestos se espalhem pelo país. Gaddafi propôs aumento de 100% nos salários de funcionários públicos e libertou da prisão 110 militantes islâmicos opositores.

O ditador, que está no poder há 40 anos, também se reuniu com líderes tribais líbios para pedir apoio.

Na capital, Trípoli, onde o comércio funcionava normalmente, partidários de Gaddafi se reuniram em apoio ao ditador na praça Verde. "Nós estamos defendendo Gaddafi", gritava a multidão.

A agência de notícias estatal Jana afirmou que os protestos em Trípoli expressam a "eterna unidade com o irmão líder da revolução", como Gaddafi é conhecido.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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