Pré-candidato tem em redutos da classe média sua força eleitoral, onde conquistou maior votação na capital paulista
Daniel Bramatti
Como candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra enfrentará em 2012 o desafio de impedir que os adversários avancem sobre os redutos de classe média que deram ao tucano três vitórias eleitorais na capital paulista nos últimos oito anos.
Serra teve desempenho quase idêntico nos primeiros turnos de 2004, quando concorreu à prefeitura, e de 2010, ano em que disputou a Presidência. Com apenas uma exceção, ele venceu e perdeu nas mesmas zonas eleitorais, com porcentuais de votos muito próximos (veja quadro).
A "cidadela serrista" é formada pelas áreas mais ricas e por quase todos os bairros de classe média da cidade. A conquista desse eleitorado é vista como estratégica para o PT, o que levou o partido a escolher um candidato visto como mais palatável pela classe média e sem a rejeição histórica da ex-prefeita Marta Suplicy - o ex-ministro da Educação Fernando Haddad.
Gabriel Chalita (PMDB), com tempo de propaganda que o credencia a eventualmente romper a polarização PSDB-PT, nunca concorreu a cargos executivos, mas seu mapa de votação como candidato a vereador e a deputado federal mostra uma base de classe média, principalmente em áreas fronteiriças ao chamado centro expandido.
Os movimentos do PT e o perfil de Chalita indicam que os redutos de Serra serão os principais palcos da batalha eleitoral.
Antecedentes. Nas três eleições em que ficou em primeiro lugar em São Paulo, Serra polarizou a disputa com um candidato do PT - partido cujo eleitorado, de perfil oposto ao do PSDB, se concentra nos extremos leste, sul e noroeste da cidade.
Nos três episódios, era o PT quem enfrentava alta rejeição - obstáculo, agora, para o tucano. Segundo a última pesquisa Datafolha, publicada no domingo, 30% dos eleitores paulistanos não votariam de jeito nenhum no representante do PSDB.
Em 2006, como candidato a governador, Serra teve desempenho acima de sua média histórica na capital. Seu principal adversário, Aloizio Mercadante (PT), perdeu fôlego na reta final da campanha ao ter assessores envolvidos no "escândalo dos aloprados" - tentativa de compra de um dossiê contra o tucano.
Em 2008, Serra não concorreu e a polarização PT-PSDB não se verificou. O tucano Geraldo Alckmin ficou em terceiro lugar na disputa pela prefeitura - o vencedor foi Gilberto Kassab, então no DEM, que Serra apoiou veladamente no primeiro turno e de forma aberta no segundo.
O PT apostou em Marta Suplicy, vitoriosa na eleição para a Prefeitura em 2000, nas disputas municipais de 2004 e 2008. Os redutos petistas da periferia garantiram sua ida ao segundo turno, mas ela foi derrotada duas vezes na reta final, por conta da alta rejeição em áreas de classe média.
Haddad, agora, tem baixa rejeição, o que pode ser decorrência do fato de ser pouco conhecido entre os paulistanos. Apenas 41% dos eleitores sabem quem é Haddad, segundo o Datafolha. Serra, por sua vez, é conhecido por 99%.
O ex-ministro da Educação tem como trunfo dois cabos eleitorais importantes - a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira ganhou pontos na classe média e ampliou sua popularidade no Sudeste no primeiro ano de mandato. O segundo é o político cujo apoio mais pode beneficiar um candidato, segundo a pesquisa Datafolha.
Antes de avançar sobre o eleitorado que tem sido hostil ao PT nos últimos anos, o ex-ministro da Educação busca ganhar espaço entre os simpatizantes tradicionais. O pré-candidato tem feito incursões a bairros periféricos para se apresentar a cabos eleitorais petistas e ouvir reivindicações de líderes locais.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário