Folha de S. Paulo
Pesquisa mostra melhora discreta de Lula e
governador de SP atrás na lista da direita
Dólar sobe e mercado azeda com direitas se
enrolando com suas candidaturas
Todos os dias, pode-se ler por aí ou por aqui
um resumão que tenta explicar o motivo de os preços nos mercados financeiros
terem se mexido para lá ou para cá. Lembra um pouco comentários sobre o fim de
rodada de futebol, não raro com a mesma precisão.
Isto posto, na resenha desta terça era comum
ouvir que o fator maior do tombo dos preços foi o mau desempenho de Tarcísio de
Freitas na pesquisa
Quaest que vazava desde a manhã.
Era a opinião de gente graúda da praça do mercado, que mexe com dinheiro grosso ou que está em posição de observar ou deduzir por onde ele anda. "O mercado antecipou o velório de Tarcísio" ou o "mercado está de luto por Tarcísio" eram frases que coloriam comentários secos sobre Copom e tentativas de entender o que políticos vão fazer da(s) candidatura(s) das direitas.
Pouca gente citou a influência na ata do
Copom no sururu de terça. Trata-se da exposição de motivos da decisão do Banco
Central de manter a Selic em 15%, na quarta passada. A ata
reconhece de modo mais aberto que o arrocho de juros está funcionando. Mas
não deu sinal de quando a Selic começa a cair, se em janeiro ou em março,
motivo do atual Flamengo x Palmeiras no mercado. Por falar nisso, essa já não
parece a discussão relevante —mais sobre isso mais adiante. Uma minoria mínima
começa a falar de corte apenas em abril.
A pesquisa da Quaest parece ter pesado mais.
Em vários quesitos, há ligeira recuperação de Luiz Inácio Lula da Silva. Flávio
Bolsonaro (PL) está bem adiante de Tarcísio, governador de São Paulo,
do Republicanos, preferido da elite econômica quase inteira e, ainda agora, da
maioria dos centrões e direitões da política profissional. Tarcísio não tem
desempenho melhor do que o do governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD). Flávio
tem rejeição alta (62%). No segundo turno, Lula ganha de todo mundo por
diferença de pelo menos 10 pontos.
Centrões e
direitões ainda tentarão derrubar Flávio. Essa história vai no
mínimo até março, dizem envolvidos. A depender da pontuação de Flávio, pode
haver debandada, partidos liberando seus grupos regionais para se aliarem a
quem quiserem; pode haver tentativa, até agora de pouco crédito, de lançar
Ratinho (não há articulação alguma ainda). O bolsonarismo pode aderir a um
cavalo vencedor da direita, pois quer cavar um indulto para Jair Bolsonaro.
Na dúvida, parte dos donos do dinheiro
enterrou a candidatura de Tarcísio, como outros já o haviam feito no lançamento
de Flávio. Por ora, há velório ou luto, embora, politicamente, saiba-se pouco
da eleição. Sabe-se que Lula chegará forte.Tais
sacolejos no dólar e nos juros de mercado sugerem que 2026 pode ser ano volátil
também. Tudo mais constante, dificulta a tarefa do Banco Central.
Levanta dúvidas sobre o ritmo da queda da Selic no ano que vem —em tese,
segundo "o mercado", a Selic cairia de 15% para perto de 12%. Com
quatro cortes de 0,5 ponto de março a agosto, cai a 13%. Depois, haverá duas
reuniões no calor da eleição (setembro e novembro). Então, resta uma, a de
dezembro.
A situação do trabalho (emprego, salário) vai pesar, assim como a resistente inflação de serviços. Expectativas ainda altas também, em grau menor. Para o IPCA, estão congeladas em 3,8% para 2027, provavelmente por causa do problemão fiscal. No meio de tudo, há o risco de a eleição jogar areia na máquina de corte de juros.
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