O PSDB é um partido que tem uma história de bons serviços prestados ao Brasil. Por isso mesmo, depois de perder três eleições para a Presidência da República, o PSDB precisava se renovar. Apostamos na democracia interna e realizamos prévias para a prefeitura de São Paulo. Estabelecemos a representatividade partidária como critério para definir o candidato. O resultado foi um sucesso.
O próprio equilíbrio da votação mostra o indiscutível rejuvenescimento do PSDB. A finalidade da política é o enfrentamento, o debate, a concorrência de programas. Não é função do voto fabricar conciliações ou unanimidades. E nem sempre é fácil escolher. Mas, ao popularizar o fórum de decisão partidária, o PSDB se colocou na contramão dessa despolitização que algumas legendas estão sofrendo. E que as enfraquece.
Nunca tivemos tantos partidos, e nunca tantos foram governistas. As alianças se estabelecem cada vez mais como consórcios políticos. E novos partidos já nascem sem princípios sólidos. O resultado é uma base de sustentação obesa, o que contribui negativamente para um Estado como o brasileiro, ineficiente e marcado por dificuldades federativas. Algumas siglas, aos poucos, estão deixando de fazer política.
Virou senso comum atribuir ao malfadado "presidencialismo de coalizão" as dificuldades do governo no Congresso, mesmo com ampla maioria. Isso é uma bobagem. O conflito político nunca impediu a disputa saudável de agendas e a construção de maiorias voto a voto. O problema real é que, despolitizados, alguns partidos se rendem a um pragmatismo paralisante.
Com as prévias, voltamos a fazer política. As prévias abrem o caminho para uma nova agenda partidária. O PSDB só conseguirá uma adesão social forte o bastante para 2014 se construir uma candidatura com respaldo democrático, mergulhada na realidade brasileira e comprometida com as prioridades das pessoas. E mais: a qualidade do debate só vai melhorar se atrairmos o cidadão comum. Sem transparência e projetos claros, isso não vai acontecer.
A agenda do Brasil de hoje é praticamente consensual: melhorar os serviços públicos, aumentar a eficiência dos gastos e investir mais; instaurar a meritocracia no funcionalismo, combater a corrupção e dinamizar a economia; desburocratizar a Justiça, enfrentar a violência e cuidar do meio ambiente. Mas há dez anos não se fala seriamente em reformas no Congresso. Mesmo com as facilidades numéricas para levar esta agenda adiante, pouco acontece.
A implementação de uma agenda efetivamente nacional passa pela capacidade de agregar e de construir pontes entre aqueles que querem mudança. Mas passa também pelo debate político transparente, democrático e cidadão. Pela centralidade na ação permanente de combate às desigualdades. As pessoas querem falar, propor soluções, dividir responsabilidades. Sem elas, resta esse pragmatismo paralisante. Essa política sem sonho.
José Aníbal é secretário de Energia do Estado de São Paulo, deputado federal licenciado e foi presidente nacional do PSDB
FONTE: O GLOBO
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