Para evitar a briga isolada entre PT e PSDB na disputa pela prefeitura de São Paulo, seis legendas fecham acordo na tentativa de montar uma chapa mais forte
Paulo de Tarso Lyra
Os partidos coadjuvantes na eleição de São Paulo acertaram uma estratégia para evitar que a disputa pela prefeitura paulistana se transforme em uma polarizaçao entre tucanos e petistas. PMDB, PSB, PCdoB, PDT, PV e PRB — desses, apenas verdes e socialistas não têm candidatura própria em outubro — acertaram um acordo de procedimentos para que, em junho, quem estiver em melhor situação nas pesquisas eleitorais, tenha o direito a indicar a cabeça de chapa. "Por que vamos deixar passar a imagem de que só o PT e o PSDB estão disputando essa eleição?", indagou o pré-candidato do PRB à prefeitura, Celso Russomano.
Mais do que evitar o protagonismo das duas principais legendas políticas brasileiras, o objetivo desses partidos é minar a tentativa de cooptação por parte de PSDB e PT, de olho no tempo de televisão que cada um deles pode oferecer. Com alguns candidatos bem colocados, como Russomano e Netinho de Paula (PCdoB), essas legendas são vistas como aliadas estratégicas para a disputa de outubro. "Nós estamos com 20% de intenção de voto, o Haddad (Fernando Haddad) tem apenas 3%. Por que nós temos de abrir mão para apoiá-los?", indagou Russomano.
Isoladamente, o namoro entre PMDB e PRB ocorre há mais tempo. Russomano e o pré-candidato peemedebista, Gabriel Chalita, já conversaram, inclusive, sobre a possibilidade de uma dobradinha. O PRB traria à candidatura de Haddad um viés social e popular — baseado na defesa dos direitos do consumidor protagonizado pelo candidato da legenda — e Chalita angariaria votos nas classes média e alta.
As negociações foram paralisadas quando a presidente Dilma Rousseff chamou o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca. Foi uma tentativa do governo federal de atrair o partido para a candidatura de Fernando Haddad, além de angariar alguns votos na comunidade evangélica, já que Crivella é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus.
Interior
Por enquanto, o PSB não tem candidatura própria. O presidente nacional da legenda e governador de Pernambuco, Eduardo Campos — que trabalha com afinco para uma aliança com o PT —, deu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o mesmo prazo de junho. Dentro do partido, já há quem defenda que, nessa data, se Haddad continuar patinando nos 3% de intenção de voto, o partido poderia lançar um nome à prefeitura. Se isso ocorrer, a favorita é a deputada Luíza Erundina. "A Erundina adoraria, seria um fechamento político de uma carreira de destaque", disse ao Correio um integrante da direção do PSB.
Responsável pelas articulações políticas do partido, o vice-presidente Roberto Amaral prefere não colocar mais lenha na fogueira. Admite que existem as conversas com os demais partidos, mas garante que, até o momento, elas limitam-se a avaliações de parcerias nas cidades do interior de São Paulo, não na capital. "É o máximo que posso dizer no momento", desconversou Amaral.
O PT acompanha a distância a movimentação dessas legendas menores. E não acredita que elas devam prosperar porque, na avaliação dos petistas, todos esses candidatos têm um teto curto de crescimento por conta do baixo tempo de televisão. "Na eleição anterior, para o Senado, o Netinho (de Paula, do PCdoB) foi até o fim na campanha e acreditava que seria eleito. Acabou sendo ultrapassado por nós, com a Marta Suplicy, e pelo PSDB, com o Aloysio Nunes Ferreira", lembrou o secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi.
Para o deputado Luiz Fernando Machado (PSDB-SP), a maior parte dos resultados positivos desses pré-candidatos deve-se ao recall de eleições anteriores ou à exposição natural que eles têm na mídia. Netinho, por exemplo, antes de ser vereador pelo PCdoB, foi vocalista de uma banda de pagode com relativo sucesso na década de 1990 e depois teve um programa de televisão no qual realizava o sonho de meninas carentes.
Já Russomano é jornalista com longa carreira na tevê. "Quando a campanha começa de maneira efetiva na televisão, a tendência é que o debate de propostas predomine e esses pré-candidatos, com menos espaço para expor duas ideias, acabem perdendo o fôlego", completou Machado.
Os postulantes
Apesar de a entrada de José Serra na disputa pelo Palácio do Anhangabaú produzir um cenário de polarização entre o PT de Fernando Haddad e o PSDB, o tabuleiro paulista ainda está embaralhado. Nomes fortes ameaçam confirmar a candidatura própria em vez de desembarcar nas campanhas de Haddad e Serra. Confira os principais pré-candidatos da disputa na capital paulista.
» Escolhido há 10 dias como o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra é o trunfo dos tucanos para tentar frustrar os planos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de eleger o ex-ministro da Educação Fernando Haddad. Com uma vasta experiência nas urnas, disputou o cargo de prefeito da capital paulista em três oportunidades. Venceu em 2004, abrindo mão do mandato depois de menos de um ano e meio, e acabou derrotado em 1988 e em 1996.
» O ex-ministro da Educação Fernando Haddad foi elevado ao posto de pré-candidato do partido para disputar a prefeitura da capital avalizado por Lula. A seu favor, Haddad tem a popularidade do ex-presidente, que terminou recentemente um tratamento contra um câncer na laringe, o staff do governo federal, mas pode ser alvo dos adversários se os concorrentes utilizarem polêmicas de sua gestão no Ministério da Educação como artilharia.
» O aliado do PT no plano nacional trabalha para reforçar o nome do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) como pré-candidato. Chalita é conhecido do eleitorado católico por seus livros e programas de televisão. Apesar de ter migrado do PSB para o PMDB, suas raízes em São Paulo são tucanas. Chalita entrou para a política pelas mãos do ex-governador Franco Montoro e foi secretário de Educação do governador Geraldo Alckmin.
» Oriundo do PP do deputado federal Paulo Maluf, o ex-deputado e apresentador de TV Celso Russomano chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto — caiu para segundo lugar logo após a confirmação da candidatura de Serra. Russomano tem apelo popular graças a seus programas com o mote de defesa do consumidor. Analistas políticos atribuem a um "recall" o resultado das pesquisas, pois ele concorreu ao governo do estado em 2010 e ficou em terceiro lugar.
» O nome do partido para disputar a prefeitura é o da ex-vereadora Soninha Francine. Por enquanto, o PPS não admite a possibilidade de aderir à campanha do PSDB, com José Serra pré-candidato. Soninha foi a coordenadora da campanha de Serra na internet durante a disputa presidencial de 2010.
» O deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), apresenta-se como pré-candidato da legenda para concorrer à prefeitura de São Paulo. O PDT, no entanto, faz parte do governo de Geraldo Alckmin, comandando a Secretaria Estadual de Trabalho.
» Derrotado na disputa pelo Senado, o vereador Netinho de Paula surge na corrida paulista pela prefeitura como o pré-candidato do PCdoB. O artista está entre os mais lembrados pelo eleitor, dividindo com Celso Russomano (PRB) o segundo lugar.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
Um comentário:
Quero inovação, muito mais do que renovação na prefeitura de São Paulo. Gestão moderna é isso que São Paulo precisa para melhorar a vida dos moradores. Voto no meu professor Gabriel Chalita.
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