Candidato mais forte a presidir o Senado, Renan Calheiros já negocia cargos. Blairo Maggi, rei da soja e vencedor do Motosserra de Ouro, presidirá a Comissão de Meio Ambiente
Renan loteia cargos no Senado; Blairo ficará com meio ambiente
Candidato mais forte a presidir o Senado, peemedebista já distribui comissões
Fernanda Krakovics, Cristiane Jungblut
BRASÍLIA - O provável futuro presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda nem oficializou sua candidatura à sucessão de José Sarney (PMDB-AP), mas já costurou acordos para a formação de um chapão: além dos cargos da Mesa Diretora da Casa, inclui ainda negociação de indicações para as comissões mais importantes. Os cargos são ocupados proporcionalmente, com base no tamanho das bancadas. Nessa costura, já está certo, por exemplo, que o eterno ex-líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR) será reabilitado com um cargo na Mesa. E que o senador Fernando Collor (PTB-AL), seu conterrâneo, comandará a poderosa comissão de Infraestrutura, hoje com o PSDB. Já o senador Blairo Maggi (PR-MT), ganhador em 2005 do troféu "motosserra de ouro", do Greenpeace, - mas depois redimido pelos ambientalistas - vai para a Comissão do Meio Ambiente.
Maggi teria caído nas graças dos verdes depois que passou a produzir soja certificada e de ter colaborado com o Ministério do Meio Ambiente para a redução do desmatamento.
A negociação de Renan passa pela ida de Eunício Oliveira (PMDB-CE) para o cargo de líder da bancada; Vital do Rêgo (PMDB-PB), cogitado para a vaga de Sarney, presidirá a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante do Senado; e Jucá (PMDB-RR) ocupará a 2ª vice-presidência da Mesa Diretora.
Jucá está sendo compensado por ter perdido o cargo de líder do governo no Senado. No ano passado, ele já havia recebido a relatoria-geral do Orçamento da União. Já o PT pretende usar a 4ª secretaria da Mesa Diretora para compensar José Pimentel (PT-CE) pela sua provável destituição da liderança do governo no Congresso.
Pré-candidato ao governo do Rio, Lindbergh Farias (PT-RJ) presidirá a Comissão de Assuntos Econômicos. E Jorge Viana (PT-AC) ocupará a primeira vice-presidência do Senado. No rodízio implementado pelo partido, Ana Rita (PT-ES) irá para a presidência da Comissão de Direitos Humanos.
Na escolha do comando das comissões, o PSDB, pelo tamanho da bancada, é o terceiro a fazer a escolha. Os tucanos farão uma reunião no dia 31 para definir suas prioridades. A princípio, nessa dança das cadeiras, devem abrir mão da Comissão de Infraestrutura e optar pela Comissão de Relações Exteriores, que iria para o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP). O partido também cogita escolher a Comissão de Educação e Esporte, por causa da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
- Costumávamos escolher a de Infraestrutura por causa do PAC (um dos principais programas do governo), mas chegamos à conclusão que não é tão importante assim - disse o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR).
O PSDB manterá a 1ª Secretaria da Mesa Diretora, espécie de prefeitura do Senado. O cargo é cobiçado por movimentar milhões em contratos de administração da Casa. O senador Flexa Ribeiro (PA) deve ser indicado para a função.
A exemplo do Senado, na Câmara o também favorito Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) também loteia sua chapa e indicações para comissões, inclusive com partidos da oposição, como o PSDB. Apesar das denúncias contra o peemedebista, os tucanos já anunciaram que continuam apoiando sua candidatura.
PSD e PSDB brigam por cargo na mesa
O PSDB briga com o PSD, de Gilberto Kassab, pelo comando da 1ª Secretaria, um dos cargos mais cobiçados da Mesa, por gerenciar o orçamento da Câmara, comparado ao de uma prefeitura. Os dois partidos afirmam ter o mesmo número de deputados: 51. Por isso, pleiteiam a 1ª Secretaria. Essa questão será decidida pelo atual presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que precisa definir o critério a ser usado.
O mais provável é que o PSDB fique com a vaga, se o critério for o de antiguidade. O PSD ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso isso ocorra. Apoiando a campanha de Henrique Alves, o PT ficará com a 1ª vice-presidência. O cargo deverá ser ocupado pelo secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), que tem acompanhado o candidato peemedebista em seu périplo pelo país. O PT ainda terá outro cargo. No entendimento com os partidos, o PMDB ainda prometeu ao PR a 4ª secretaria e ao DEM, a procuradoria da Casa.
Mas haverá disputa dentro dos partidos. No PSD, por exemplo, Fábio Faria (RN) é o indicado para qualquer cargo, mas os deputados Átila Lins (AM) e José Carlos Araújo (BA) prometem disputar. No PR, o deputado Inocêncio Oliveira (PE) avisou que vai ser candidato avulso, se não for o indicado pelo partido na composição da Mesa. Na Câmara, é comum haver candidatos avulsos.
Fonte: O Globo
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