Shiller vê semelhança com setor nos EUA há 10 anos
Maíra Amorim
BERLIM e RIO- O americano Robert Shiller, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em parceria com outros dois pesquisadores este ano, acredita que as fortes altas nos preços do mercado de ações dos EUA e do setor imobiliário em algumas cidades do Brasil podem provocar uma perigosa bolha financeira. O alerta foi feito em entrevista à revista alemã "Der Spiegel" que chegou às bancas ontem.
— Em muitos países as bolsas de valores estão em um nível alto e os preços subiram com força em alguns mercados imobiliários. Isso pode acabar mal.
O economista demonstrou preocupação com os valores "drasticamente" altos de imóveis no Rio de Janeiro e em São Paulo nos últimos cinco anos.
— Lá, me senti um pouco como nos EUA em 2004 — disse, acrescentando que ouvia os mesmos argumentos sobre oportunidades de investimentos e o crescimento da classe média que já havia escutado nos EUA perto do ano 2000.
Shiller esteve em Campos de Jordão (SP) em agosto, onde já alertava para o boom de preços do setor no Brasil. Nos EUA, o colapso do mercado imobiliário está na origem da crise financeira global de 2008/2009.
As bolhas são criadas quando investidores não reconhecem que os crescentes preços de ativos se distanciaram de fundamentos econômicos.
Economistas divergem
Para Monica de Bolle, professora da PUC-Rio e sócia da Galanto Consultoria, é prematuro dizer que há uma bolha no Brasil: — Não há duvida de que algumas cidades viram um aumento extraordinário do preço dos imóveis, no Rio em particular. Mas isso não é bolha, não no sentido que ocorreu nos EUA, porque teria que se imaginar uma situação em que as pessoas se endividaram excessivamente, de forma abrangente, dos mais pobres aos mais ricos, e isso não é verdade no Brasil. Ainda é uma camada pequena da população que tem acesso a recursos para adquirir imóveis.
O economista Gilberto Braga, do Ibmec, corrobora:
— A expectativa até 2016 é que não tenhamos diminuição drástica (de preços), mas pode haver acomodação. Já há estabilidade em algumas áreas. (Com agências internacionais)
Fonte: O Globo
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