segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Randolfe é o nome do PSol

Daniela Garcia

O PSol consolidou ontem a pré-candidatura do senador Randolfe Rodrigues (AP) para a disputa da Presidência da República em 2014. Durante o 4º Congresso do partido, realizado em Luziânia (GO) entre sexta e ontem, o parlamentar derrotou a deputada Luciana Genro (RS), filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT). De acordo com a legislação eleitoral, a oficialização da candidatura só poderá ocorrer em junho.

A vitória de Randolfe aconteceu numa votação simbólica, sem contagem nominal, porque, visualmente, a maioria dos delegados levantou crachás em apoio ao nome dele. Segundo a organização, estavam presentes 391 delegados e cerca de 200 observadores.

Após o anúncio da votação, Randolfe afirmou que assumiria a função com "temor e honra". Há duas semanas, ele disse que renunciaria à candidatura, diante da iniciativa do deputado Chico Alencar (RJ), considerado o único nome capaz de unir o PSol. Contudo, o parlamentar fluminense não aceitou o posto, com a justificativa de ajudar o partido a ampliar a bancada na Câmara. Em 2010, ele recebeu 240 mil votos e auxiliou o partido a eleger Jean Wyllys, que teve 13 mil votos, ao cargo de deputado federal.

Ao que tudo indica, o pré-candidato do PSol terá como prováveis adversários a presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Randolfe diz que terá um discurso de único representante da esquerda. Além de criticar a falta de desapropriações para a reforma agrária no governo atual, o senador acusa o PSB de apoiar ruralistas na votação do Código Florestal. "Fui escolhido pelo partido político que tem uma enorme responsabilidade de apresentar a candidatura de esquerda, nessa difícil conjuntura política, em que as candidaturas são muitos parecidas", disse.

Segundo ele, o PSol está interessado em apenas fazer alianças com partidos da diminuta esquerda brasileira. Contudo, enquanto a legenda de Randolfe aposta em uma coligação, o PCB pretende concorrer sozinho ao Planalto. Já o PSTU trabalha para a reedição da Frente de Esquerda de duas eleições atrás. Em 2006, os três partidos consolidaram uma terceira via que alcançou 6,5 milhões de votos para presidente, tendo à frente a alagona Heloísa Helena. Em 2010, concorrendo cada um por si, tiveram o apoio de apenas 1 milhão de eleitores.

Plano de governo
O PSol pretende cativar o eleitorado que ocupou as ruas das principais capitais brasileiras no fim do primeiro semestre. "Nós queremos dialogar concretamente com aqueles nomes dos protestos de junho." Randolfe lembra que antigos integrantes do partido e do PSTU foram os criadores do Movimento Passe Livre (MPL), em São Paulo, que deu início à série de mobilizações pelo país.

No evento em Luziânia, também foi eleito o novo presidente do partido, Luiz Araújo, assessor parlamentar de Randolfe. De acordo com ele, o PSol começa a discutir neste mês o plano de governo que sustentará a candidatura à presidência. Ele afirmou que o partido decidiu antecipar a escolha do nome do pré-candidato com a finalidade de tentar tornar conhecida a imagem do senador. Aos 41 anos, Randolfe é o mais jovem parlamentar no Senado e está no primeiro mandato.

Araújo elencou as prioridades do partido nas próximas eleições. "Nós não estamos lançando um candidato (Randolfe) para figuração, mas fazer essa uma disputa de mudança. A segunda prioridade é eleger uma forte bancada de deputados federais", disse o novo presidente da legenda. Sem diminuir a importância da candidatura à presidência, o deputado Ivan Valente (SP), no entanto, tem dito que a principal meta para 2014 é eleger mais parlamentares para Câmara. Além de Valente, a sigla conta com apenas mais dois deputados federais: Jean Willys e Chico Alencar.

Duas perguntas para Randolfe Rodrigues (PSol-AP), pré-candidato às eleições presidenciais

Qual é, então, a proposta de governo do PSol?

Tem acabar, primeiro, com essa ideia história de que a única fórmula para resolver a inflação é a alta da taxa de juros. Há 20 anos, é essa a fórmula. Isso significa um país que não cresce economicamente, significa a família brasileira ser a mais endividada da América Latina, significa que a nossa economia cresceu em uma média de menos de 2%, quando a maioria dos nosso vizinhos cresceu numa média de 4% e 5%, significa que nós praticamos a mais alta taxa de juros do planeta. Isso só ocorre porque nós não tivemos coragem de fazer, há 500 anos, a reforma agrária. Nós só pensamos, há 500 anos, em ser exportador de commodities. Nós temos que ter disposição de romper com modelo.

E qual a expectativa de ser candidato no ano que vem?

Permita-me citar o trecho de uma poesia: "Estou diante do temor e da honra de ter sido escolhido. Mas consciente que fui escolhido pelo partido político que tem uma enorme responsabilidade de apresentar o nome de esquerda, nessa difícil conjuntura política, em que as candidaturas são muitos parecidas. Nós queremos dialogar concretamente com as mobilizações do povo brasileiro de junho último. Estamos crentes de que no coração do povo brasileiro está presente uma semente fértil de mudança, que precisa só do adubo correto.

"Nós não estamos lançando um candidato para figuração, mas fazer essa uma disputa de mudança" Luiz Araújo, presidente eleito do PSol

Fonte: Correio Braziliense

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