O atual governador ainda não confirmou sua candidatura, apesar de deter 62% das intenções de voto. Outros candidatos poderão concorrer à vaga apenas para ganhar projeção para futuras eleições, afirma especialista
Patrycia Monteiro Rizzotto
SÃO PAULO - O tucano Antônio Anastasia, atual governador de Minas Gerais, é o franco favorito na disputa pela vaga mineira ao Senado em 2014. Nas mais recentes pesquisas de intenção de voto ele desponta com 62,6% das preferências numa provável disputa contra o candidato do PSB, Alexandre Kalil, atual presidente do Atlético Mineiro; e contra Josué Gomes da Silva, do PMDB, presidente do Grupo Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar. Esses adversários detêm, respectivamente, 10,3% e 3,4% da pretensão de votos dos eleitores, segundo levantamento realizado pela Em Data com a Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Apesar da liderança, Anastasia, que já cumpre seu segundo mandato, se mantém reticente em relação à sua candidatura no ano que vem. Nos bastidores políticos de Minas, comenta-se que ele preferia se afastar do cenário político e voltar a ocupar futuramente um cargo de segundo escalão em algum governo do PSDB. "O governador mineiro é uma pessoa de gestão, um ótimo quadro do partido, um burocrata impecável, no melhor sentido da palavra. Não é um personagem político típico. Quando deu continuidade ao governo Aécio Neves e, em seguida, disputou a reeleição, ele encarou a incumbência como uma missão e agora é bem provável que dê essa missão como cumprida", analisa o cientista político Bruno Reis Wanderley, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
De acordo com o professor, o favoritismo de Anastasia nas sondagens eleitorais esvaziou o peso político da vaga para o Senado na eleição do ano que vem no estado. Normalmente utilizada como moeda de troca nas negociações partidárias, para firmar alianças, o posto de senador deixou de ser interessante para certas lideranças locais que não querem entrar como azarões no pleito. "Os pré-candidatos lançados atualmente são como uma espécie de balão de ensaio. Eles vão entrar na disputa não para ganhar, mas para se tornar mais conhecidos do eleitorado e aumentar suas chances de se tornar mais competitivos numa próxima eleição. Ao mesmo tempo, o cenário é de incerteza, porque a candidatura ou não de Anastasia definirá o quadro de disputa para o Senado no ano que vem", ressalta.
Wanderley explica que o PT, que vai lançar candidato próprio ao governo mineiro — Fernando Pimentel, atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, primeiro colocado nas pesquisas — cogita também de colcoar Patrus Ananias, ex-ministro do governo Lula, na vaga do Senado. "Mas, como o ex-titular da pasta do Desenvolvimento Social já está sem mandato há algum tempo, é mais fácil que se candidate ao cargo de deputado federal, onde é quase certo que conquistará uma das vagas", reflete o cientista político. Ele acredita que há grandes chances de PT e PMDB formarem uma aliança eleitoral costurada pela direção nacional de ambos os partidos, para consolidar palanque para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em Minas Gerais, estado onde a candidata aparece em segundo lugar nas pesquisas, abaixo do senador Aécio Neves (PSDB).
"É provável que Pimentel saia com uma chapa formada por um vice e um candidato ao Senado do PMDB", analisa Wanderley. "Apesar da resistência, Anastasia deve sair candidato ao Senado. Afinal, o PSDB não é de desprezar um capital político desse porte e o governador deve acabar atendendo ao apelo do partido", diz.
No fim de outubro, em um encontro que reuniu lideranças de 11 partidos em Uberlândia, município localizado no Triângulo Mineiro, o senador Aécio Neves lançou a candidatura do ex-ministro Pimenta da Veiga para o governo do estado. Na ocasião, Anastasia foi chamado de senador diversas vezes pela militância presente ao evento.
Nos bastidores, há quem diga que a resistência já foi vencida. De acordo com o deputado federal Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro, ainda é muito cedo para definir candidaturas. "Em março, saberemos qual a posição de Antônio Anastasia. O que pesa na decisão dele é a vontade de concluir o mandato até o fim", afirma. De acordo Pestana, a vantagem nas pesquisas será fácil de ser operacionalizadapelo partido. "Já estamos há 12 anos no governo, com grande aprovação do eleitorado mineiro", diz.
Fonte: Brasil Econômico
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