Numa semana com promessa de notícia ruim, nada melhor para a presidente Dilma do que uma boa nova logo de saída para reduzir o apetite de pretensos aliados e conter o ânimo de adversários.
No domingo, pesquisa Datafolha mostrou uma contínua e gradual recuperação da petista nas intenções de votos, retomando pontos perdidos para os candidatos da oposição.
Amanhã, contudo, será um dia um pouco ou muito amargo. O IBGE vai divulgar o PIB do terceiro trimestre deste ano. Vem aí uma desaceleração do ritmo da economia, com forte risco de retração da atividade econômica no período.
Recuo fruto da descoordenação do governo Dilma Rousseff no início do ano, gerando forte crise de confiança entre empresários e consumidores. Resultado: queda nos investimentos e consumo fraco.
Aí, por sinal, está um dos principais motivos para um aparente sinal trocado captado pelo levantamento do Datafolha. A maioria dos entrevistados mostra preferência pela petista, mas deseja também mudanças no próximo governo.
A pesquisa mostrou que dois terços dos brasileiros preferem que a maior parte das ações do próximo presidente seja diferente das que estão sendo tocadas por Dilma. Sinal claro de desejo de novos tempos.
A petista já captou parte deste sentimento. Após demorar um bocado a admitir seus equívocos, ela deixou de brincar com a inflação como fez no início do ano e corrigiu a rota dos leilões de concessões depois dos fracassos iniciais.
Ajustes de rumo que já vão gerar frutos no final do ano. O país voltará a crescer, depois do terceiro trimestre medíocre. Falta a presidente dar o braço a torcer e aceitar as críticas à sua frouxa política fiscal.
Insistir neste erro, como chegou a fazer nos outros, pode ser fatal para a inflação. Aí, o desejo de mudanças em 2015 pode não ser apenas de políticas de governo, mas também do nome que vai conduzi-las.
Fonte: Folha de S. Paulo
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