Vizinhos como Colômbia e Chile crescem com preços sob controle
Lucianne Carneiro
RIO - Oito entre 18 países emergentes devem encerrar 2013 crescendo mais e com inflação baixa, considerando projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dados divulgados pelos bancos centrais. Chile, China, Colômbia, Equador, Coreia do Sul, Panamá, Paraguai e Peru têm conseguido se livrar da combinação indesejada que atinge os outros dez, incluindo o Brasil: baixo crescimento com elevada inflação. O grupo ainda reúne África do Sul, Argentina, Bolívia, Costa Rica, Índia, México, Rússia, Uruguai e Venezuela.
- Em geral, os países que conseguem taxa do Produto Interno Bruto (PIB) maior que a da inflação focam seu crescimento em investimentos, que gerem ganhos de produtividade. Com isso não é preciso repassar custos para os preços e pressionar a inflação. Pode ser também um crescimento com viés exportador - diz o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
O professor do Instituto de Economia da UFRJ Luiz Carlos Prado, por sua vez, pondera que o mais preocupante é se a trajetória da inflação é crescente e se a expansão da economia é pequena.
- Não há uma vinculação específica entre um crescimento baixo e uma inflação alta. Cada país tem uma experiência diferente. Além disso, a maior parte dos países do pós-guerra se recuperaram com uma taxa de inflação superior à do crescimento - afirma Prado.
Outro ponto que deve ser lembrado, diz o professor da UFRJ, é que a inflação em países em desenvolvimento é geralmente mais alta que nos avançados. Esses países tendem a ter mais problemas fiscais, de infraestrutura e um câmbio mais volátil.
Há casos mais extremos, como os de Argentina e Venezuela, segundo Prado, que terão que passar por forte ajuste:
- Os demais países têm inflação mais alta que o crescimento do PIB, mas não há nada fora de controle.
Para o economista-chefe da MCM Consultores, Fernando Genta, países com inflação maior que o crescimento tiveram algumas influências do cenário mundial em 2013: a desaceleração da economia chinesa e a expectativa pelo fim dos estímulos à economia pelos Estados Unidos acabaram afetando mais alguns países que outros.
- Uma China que cresce menos afeta o PIB desses países. Além disso, as moedas passaram por depreciação com a perspectiva de mudança da política monetária. Quem não fez o dever de casa teve reação mais exagerada, como na Índia, África do Sul e Brasil - diz Genta.
Ele destaca, no entanto, que no Brasil as razões do PIB baixo combinado com inflação alta vão além do contexto externo. O cenário doméstico de falta de oferta, que limita o crescimento e pressiona a inflação, são determinantes.
Uma das fortes limitações do Brasil, argumenta o economista-chefe do Banco Fator e professor da FEA/USP, José Francisco de Lima Gonçalves, é o crescimento baseado em consumo e gasto público com restrição de investimentos.
- O Brasil não está sozinho entre os que têm inflação maior que o crescimento do PIB, mas a companhia não é das melhores - afirma Gonçalves.
Fonte: O Globo
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