Medida é vista pela direção nacional do PT como mais um capítulo da ruptura entre os antigos aliados
Ricardo Galhardo
SÃO PAULO - O governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), exonerou nos primeiros dias do ano os seis petistas que ocupavam cargos no primeiro escalão do governo. O movimento foi interpretado pela direção nacional do PT como mais um passo no processo nacional de ruptura com o PSB por conta da disputa presidencial de outubro deste ano.
Foram exonerados os secretários de Justiça, Cidades, Assistência Social e da Pessoa com Deficiência, além dos presidentes da Fundação Cultural do Estado e da Agência de Fomento do Estado, todos petistas.
As demissões aconteceram entre 2 de janeiro e o início desta semana, mas o processo de desgaste entre os dois partidos começou em meados do ano passado, em sincronia com o afastamento entre PSB e PT e a consolidação da pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República.
Tucanos. Além de se livrar dos petistas, Martins costura uma aliança com o PSDB para a disputa pelo governo piauiense contra o senador Wellington Dias (PT). A coligação deve incluir dois partidos da base do governo Dilma Rousseff, PMDB e PC do B.
Martins alega que o motivo das exonerações foi a decisão do PT, ainda em julho do ano passado, de lançar a pré-candidatura à sua sucessão.
Já o PT diz que o verdadeiro motivo foi o recuo repentino do governador em relação ao apoio ao petista. Em setembro, pouco depois de o PSB anunciar o desembarque do governo Dilma, o PT piauiense divulgou uma nota colocando seus cargos à disposição e Martins chegou a dar entrevistas defendendo a permanência dos petistas.
"Na época o governador disse que a decisão de sair ou não caberia ao PT. Agora, na véspera do Natal, ele deu um ultimato exigindo que retirássemos o nome do senador Wellington", disse ontem a presidente estadual do PT, Regina Sousa.
Segundo ela, o ultimato foi dado em conversas pessoais com as principais lideranças do PT piauiense entre os dias 20 e 23 de dezembro do ano passado.
Para a cúpula petista, as exonerações no Piauí são consequência do processo nacional de afastamento - o PSB deixou os cargos federais em outubro de 2013. "É uma linha política implantada pelo Eduardo Campos e imposta ao PSB nos Estados", disse o secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza.
Aliados preferenciais durante mais de 30 anos, PT e PSB hoje estão do mesmo lado apenas no Acre, Amapá, Sergipe e Espírito Santo. Nos dois últimos Estados a tendência é de afastamento até o início da corrida eleitoral.
Colaborou Isadora Peron
Fonte: O Estado de S. Paulo
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