Lembrando o avô Miguel Arraes, que foi citado na nota do PT no Facebook, governador-presidenciável diz que herdou a capacidade de fazer política ouvindo as pessoas
Jumariana Oliveira
Apesar de evitar polemizar as críticas feitas pelo PT na página oficial da sigla no Facebook, o governador-presidenciável Eduardo Campos (PSB) voltou a lembrar o assunto durante uma agenda pública realizada ontem, no município de Escada. Depois de ver seu avô, o ex-governador Miguel Arraes, envolvido na polêmica, Campos decidiu se comparar ao líder político. O socialista disse que herdou do avô a capacidade de fazer política ouvindo as pessoas. A falta de diálogo foi uma das primeiras reclamações de Campos ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). No ato realizado no município de Escada, o governador afirmou ainda que o povo "não gosta de política de baixaria", em mais uma referência ao episódio com os petistas.
Na última terça-feira, a nota divulgada no perfil oficial do PT diz que se o ex-governador Miguel Arraes estivesse vivo "estaria morrendo de desgosto" com as ações de Campos, que não perde a oportunidade de criticar o PT. "Eu conheço política de muito tempo. Quando nasci, meu avô estava fora do Brasil, pelas perseguições do regime de 1964. Eu aprendi uma coisa com doutor Arraes, que é fundamental para quem quer fazer política ao lado do povo: é a gente aprender a ouvir. Porque tem muito político que gosta só de falar", discursou.
A nota publicada no Facebook petista também menciona as obras realizadas em Pernambuco que tiveram o investimento do governo federal. A briga pela paternidade das ações, inclusive, é constante entre petistas e socialistas. O presidenciável disse que colocou Pernambuco para crescer mais que o Brasil "com trabalho". "Não faz isso aqueles que não sabem colocar a vela no barco. Não tem vento bom para quem não sabe para onde quer ir. Não tem tempo bom para que não gosta, tem preguiça de trabalhar, para quem cuida mais da futrica política do que da vida do povo", declarou, ainda no palanque.
Na postagem, Campos foi chamado de "tolo" e "playboy mimado", mas a autoria do texto ainda não foi revelada. O responsável por responder a nota foi o deputado federal pelo Rio Grande do Sul Beto Albuquerque, que é vice-presidente nacional do PSB. Durante assinatura da ordem de serviço para construção de uma UPA Especialidade no município de Escada, Campos voltou a dizer que nunca falou mal de ninguém nos veículos de imprensa. O governador foi aplaudido pelo público presente. Na ocasião, o prefeito do local, Lucrécio Gomes (PSB), disse que vai ver Eduardo no gabinete presidencial do próximo ano, o que também provocou reação do público.
Sem pressa na disputa estadual
Mesmo com toda movimentação de bastidores, o governador Eduardo Campos (PSB) afirmou que a disputa pela sua sucessão está tranquila. Segundo ele, "não existe ansiedade entre os aliados", como se comenta nos bastidores. Campos disse que ainda não decidiu quando anunciará o nome de quem disputará a vaga mais concorrida da eleição estadual, apesar de o processo de escolha ter sido afunilado nos últimos dias. Nos bastidores, comenta-se que a escolha vai ser anunciada antes do Carnaval, o que fará com que Campos possa andar com seu escolhido por pelo menos um mês antes de deixar o Palácio do Campo das Princesas.
O governador negou que já tenha dado início ao processo de escolha do seu novo apadrinhado. "Não tem nenhuma decisão tomada de qual é o tempo, nem reunião. Ainda temos tempo", despistou. A declaração pode ser um recado para os nomes cotados que se movimentam nos bastidores. Campos não é do tipo que gosta de antecipar as escolhas. Tanto é que, apesar de estar claramente colocado na disputa presidencial, só deixou para anunciar a decisão de sair do governo no final do ano passado.
Enquanto o governador prefere manter a discrição sobre a sucessão, crescem os rumores de que o secretário da Fazenda, Paulo Câmara, e da Casa Civil, Tadeu Alencar, estão no topo da lista de preferidos. Câmara, inclusive, já afirmou que tem disposição de disputar a vaga, caso seja o escolhido.
Sobre a declaração do auxiliar, o governador preferiu não polemizar. "Não tem nada decidido."
O secretário da Fazenda é tido como homem de confiança de Campos, assim como o prefeito Geraldo Julio, que foi o apadrinhado na eleição municipal de 2012. Mais um indicativo de que poderia ser o escolhido é o fato de que o titular da pasta se filiou ao PSB no ano passado - ele nunca disputou cargo eletivo e nem tinha envolvimento partidário, apesar de já ter atuado nas campanha do ex-governador Miguel Arraes e do próprio Eduardo.
A escolha de Câmara, no entanto, esbarra em um problema. De perfil técnico, o socialista não é conhecido entre a população e o governador Eduardo Campos não estará tão disponível para rodar o Estado com possível candidato, já que precisará de tempo para percorrer o Brasil em busca do próprio projeto nacional.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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