Fernando Taquari – Valor Econômico
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse ontem à noite que a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) de rebaixar a nota de crédito do Brasil reflete uma série de equívocos da política macroeconômica do governo federal. Como exemplo, o tucano citou o aumento do endividamento público e as manobras fiscais da gestão petista para garantir a manutenção do superávit primário.
Anteontem, a agência rebaixou a nota soberana brasileira para BBB-, com perspectiva estável. "Tem que olhar com jeito isso aí porque as agências não são infalíveis. Mas é óbvio que, no caso do Brasil, existem sinais que levam a prestar atenção. O endividamento público cresceu e existe esse artificialismo no manejo do orçamento. Isso tudo pesa e elas (agências) estão registrando", afirmou FHC depois de participar na capital paulista de um seminário sobre os 50 anos do golpe militar.
Segundo o tucano, a decisão da agência representa um retrocesso para a estabilidade construída durante o governo do PSDB. "A coisa mais difícil de ganhar na vida é confiança. Em tudo, não só na economia. Isso (rebaixamento) é um sinal de desconfiança. É negativo para o país", acrescentou. Anteontem FHC já tinha defendido a necessidade de se criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar negócios da Petrobras.
Ao comentar o cenário político, o ex-presidente também criticou a relação do governo federal com a base governista ao afirmar que o sistema representativo está "manco". "Vivemos um regime de cooptação e não uma coalizão", declarou o tucano, defendendo a necessidade de se discutir uma reforma institucional que ajude a freiar, entre outras coisas, a multiplicação de partidos políticos. Desta forma, afirmou ele, o governo não terá que barganhar sempre com a base aliada para sobreviver no Congresso Nacional.
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