Ranier Bragon e Mariana Haubert – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O governo enfrenta na Comissão Mista de Orçamento, colegiado onde começará a tramitar a análise do parecer do TCU (Tribunal de Contas da União) que reprovou as contas de Dilma Rousseff, a mesma fragilidade política que vem impondo derrotas ao Planalto no Congresso.
Na teoria, 28 dos atuais 40 deputados e senadores titulares da comissão são de partidos governistas e só 12 são de oposição. Na prática, porém, a ala contrária a Dilma é bem mais expressiva. O deputado que lidera a bancada peemedebista no colegiado, Hildo Rocha (MA), por exemplo, é ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e tem atuado mais na linha de oposição.
A comissão é comandada pela senadora Rose de Freitas (PMDB-ES). A peemedebista é alinhada ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), peça fundamental para que o governo tente alterar o revés sofrido pelo governo no TCU.
Apesar das dificuldades, o líder do governo na comissão, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), diz acreditar na possibilidade de o colegiado mudar o parecer do TCU.
"Existe um ambiente na CMO que sempre primou por uma análise técnica, quase como uma questão de Estado, é possível fazer um debate não contaminado pela lógica do impeachment."
O oposicionista Domingos Sávio (PSDB-MG) discorda: "Vamos trabalhar para ratificar na íntegra o que o TCU decidiu. Se o Legislativo tomar alguma decisão diferente, então é melhor fechar o TCU".
A presidente da CMO afirmou nesta quinta (8) que não é "afeita a pressões" e disse acreditar que a comissão fará uma análise técnica, apesar de o colegiado ser formado por políticos.
"Não podemos errar ao interpretar que o julgamento de uma conta de um presidente da República possa ser eminentemente político, ele terá que ser técnico", afirmou.
O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disse nesta quinta que a estratégia do Palácio do Planalto será investir no Congresso Nacional na tentativa de reverter decisão do TCU.
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