• Além da investigação sobre Luís Cláudio, prisão de amigo pecuarista na Lava Jato contribuiu para desgastar Lula
Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo
A prisão pela Operação Lava Jato do pecuarista José Carlos Bumlai, que tinha trânsito livre no Palácio do Planalto durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, é outra fonte de desgaste do ex-presidente. Descrito normalmente como “amigo de Lula”, Bumlai é citado por delatores por ter usado o nome do petista em negociatas.
Mas o principal golpe contra o ex-presidente foi o envolvimento de Luís Cláudio, seu filho caçula, nas investigações da Zelotes, que apura um esquema de venda de medidas provisórias durante o governo Lula. O fato de Luís Cláudio ter recebido R$ 2,5 milhões por um trabalho que, segundo a Polícia Federal, foi feito a partir de cópias da internet, deixou Lula atônito.
Desde que o petista assumiu o governo, em 2003, seu filho mais velho, Fábio Luiz, o Lulinha, que em 2005 recebera R$ 5 milhões da Brasil Telecom, era alvo de falsos boatos na internet. A investigação sobre Luís Cláudio, no entanto, pegou Lula e seu grupo de surpresa. A dificuldade de Luís Cláudio para explicar os recebimentos é motivo de dúvida até entre petistas.
Além disso, o próprio ex-presidente foi chamado a depor na condição de “informante” à Lava Jato, a Receita Federal abriu um processo de fiscalização das contas do Instituto Lula e o Ministério Público de São Paulo passou a investigar a ligação do petista com a reforma milionária de um triplex no Guarujá.
No centro do cerco, Lula virou um boneco batizado de “Pixuleco”, que o retrata como presidiário. Nas manifestações contra o governo e o PT, foi chamado de “bandido”. A sede do Instituto foi alvo de uma bomba caseira e, segundo relatos de petistas, ele tem receio até de circular em locais públicos onde pode ser hostilizado.
Pesquisas internas do PT mostram a forte corrosão na imagem de Lula. Segundo elas, o eleitorado vincula ao petista a crise econômica e as denúncias de corrupção. Já os aspectos positivos de seus oito anos de governo estão cada vez mais apagados da memória dos eleitores.
O partido trata o assunto como uma questão eleitoral. Em agosto o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o objetivo da oposição é inviabilizar possível volta de Lula em 2018. No entorno do ex-presidente, a avaliação é de que a oposição não aceita uma nova derrota nas urnas e hoje tem dois caminhos. A curto prazo, o impeachment de Dilma. A médio prazo, minar Lula e o PT por meio da criminalização.
Apesar do cenário negativo, o PT acredita em uma reversão do quadro até 2018. Avaliações que circulam no partido e no Instituto Lula mostram que quando o entrevistado é lembrado das realizações de Lula, a rejeição cai. “É só dar um microfone na mão dele que ele se recupera”, disse Celso Marcondes, um dos diretores do instituto.
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