Ex-governador que criticou prefeito diz que partido só não está pior porque não surgiu alternativa melhor no espectro
Marcelo Osakabe | O Estado de S.Paulo
O PSDB vive uma situação delicada em relação à eleição de 2018 e só não está pior porque não surgiu alternativa melhor no espectro político-partidário, avaliou o vice-presidente nacional da sigla, Alberto Goldman. Para o ex-governador, a situação fica evidente na dificuldade dos tucanos de apresentar uma candidatura de destaque ao Planalto.
"A dificuldade é real, mas quem está melhor do que o PSDB?", questionou Goldman, que participou nesta quinta de um evento na capital paulista. Ele citou o governador Geraldo Alckmin como o nome mais expressivo no momento dentro do partido, mas ponderou que ele "não é nenhuma figura de grande expressão, uma grande liderança nacional". "Não é um Lula, que foi um grande líder, a verdade é essa", disse.
O ex-governador lembrou que existem ainda outros nomes, como o senador José Serra, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, mas voltou ao ponto. "Dizer que tem alguém (no PSDB) que salta como o candidato que poderá empolgar o povo brasileiro? Nada me parece, não é visível isso".
Em relação ao prefeito João Doria, com quem trocou ofensas há duas semanas pelas redes sociais, o ex-governador considerou que o "perigo" de sua candidatura "está um pouco diminuído". Doria, em sua avaliação, teria conseguido canalizar a rejeição ao PT na cidade para se eleger em primeiro turno em 2016, mas "queimou o filme" ao acreditar que aquele momento persistia até hoje.
O tucano também disse entender que a imagem do PSDB é prejudicada por situações como a do senador Aécio Neves, que retomou o cargo esta semana após o Senado derrubar as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "O presidente do partido acabou se constituindo figura extremamente danosa para a (nossa) imagem", afirmou, lembrando do áudio em que o Aécio e Joesley Batista acertam pagamento de R$ 2 milhões.
Polarização. Goldman participou de um encontro intitulado "PSDB, presente e futuro" na Casa do Saber, em São Paulo. Em sua avaliação, o partido apresenta problemas, entre eles a forte indefinição de sua bancada em relação a temas polêmicos, mas ainda mantém uma espinha dorsal de elementos programáticos. Ele reiterou críticas a parte de seus dirigentes, como Aécio e Tasso Jereissati, senador e presidente interino da sigla, a quem chamou de "caciques coronéis". "São coronéis modernos, pessoas que não têm vivência partidária e não sabem conduzir o que é um partido político", disparou.
Apesar desse cenário, o vice-presidente nacional do partido disse não ver alternativa no cenário político para ocupar o espaço do PSDB. O perigo, por outro lado, seria a emergência de candidaturas competitivas nos extremos do espectro político, como foi a eleição municipal do Rio Janeiro em 2016, quando Marcelo Freixo (Psol) e Marcelo Crivella (PRB) foram ao segundo turno.
"O desafio eleitoral imediato é construir uma frente no centro político, fugindo do que se chama de esquerda petista e do que nasce agora como a direita", disse. “Aglutinar esse centro para enfrentar esses dois lados que estão surgindo”.
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