Conflito entre senadores amplia divisão do partido, próximo a nova eleição
Maria Lima | O Globo
-BRASÍLIA- A guerra interna no PSDB assume proporções imprevisíveis com o acirramento do racha entre aecistas e tassistas, ou governistas e independentes. Indignado com a pressão do presidente interino Tasso Jeiressatti (CE) para que renuncie à presidência do PSDB, Aécio Neves (MG) só aceita sair se o senador cearense sair junto. Nesse caso, antes de renunciar à presidência, Aécio indicaria outro vice-presidente para comandar o partido, assim como indicou Tasso, para preparar sua sucessão na convenção de dezembro. Aecistas enxergam um movimento de Tasso e de seu grupo para afastar Aécio e usar a estrutura da presidência do PSDB para pavimentar sua reeleição ao cargo de forma definitiva, por dois anos.
Além de Tasso, são vice-presidentes o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman e os deputados Carlos Sampaio (SP) e Giuseppe Vecci (GO), este último aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo, que se lançou ontem à sucessão de Aécio. Procurado, Tasso não comentou a declaração de Aécio.
O presidente do diretório do PSDB mineiro, Domingos Sávio, disse ser incompreensível a tentativa de Tasso de afastar Aécio.
— O Tasso estaria fazendo pressão para Aécio sair porque é candidato a presidente definitivo. Se tiver pretensões de concorrer, o ideal é que tenhamos no comando do processo sucessório alguém com maior imparcialidade. Presidir e disputar irá intensificar feridas que não fecham num momento que não é saudável para o nosso projeto de 2018.
MARCONI LANÇA CANDIDATURA
Aloysio Nunes, por sua vez, afirmou que não participa do “frenesi” pela saída de Aécio.
— Por que voltar atrás agora, se até o momento o senador sequer foi ouvido no inquérito? Não nos iludamos: os acertos e os erros do partido e de cada um de nós já estão devidamente contabilizados na opinião pública e não será a execração de Aécio Neves por companheiros que até ontem lhe festejavam que vai mudar as coisas — disse o ministro.
Marconi afirmou ontem que decidiu aceitar a candidatura, já que Tasso tem dito que não disputará a eleição interna. Mas interlocutores de Tasso afirmaram que ele jamais disse que não é candidato.
— Eu resolvi aceitar o convite porque o Tasso tem dito, peremptoriamente, que não é candidato à reeleição. Quero me dedicar integralmente à unidade do PSDB — disse Perillo.
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