quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Ranier Bragon: Nunca antes

- Folha de S. Paulo

Sete anos e 23 dias depois de deixar a Presidência da República com aprovação popular recorde de 83%, Luiz Inácio Lula da Silva chega ao seu dia D.

A história do petista é marcada por grandes acontecimentos, extraordinários, para o bem e para o mal.

Ex-metalúrgico, ajudou a fundar o PT nos anos 1980, atropelou o brizolismo no campo da esquerda e foi, desde sempre, o maior líder do partido –mesmo após três derrotas seguidas em disputas presidenciais.

Nunca ninguém ameaçou de forma séria essa liderança.

Chegando ao Palácio do Planalto em 2003, foi reeleito para um segundo mandato e emplacou o sucessor, feito que só Itamar Franco havia conseguido após o fim da ditadura.

Em editorial de dezembro de 2010 intitulado "Saldo favorável", a Folha relatava os avanços econômicos nos anos Lula, em parte impulsionados pelo cenário externo favorável, e a relevante melhora nas condições de vida dos mais pobres, seu maior êxito.

Do lado negativo, dados não menos épicos: uma carga tributária recorde e o abrigo a um dos maiores escândalos da república, o mensalão.

Após isso, foi tutor de luxo de Dilma Rousseff e a acompanhou até a derrocada final, o impeachment capitaneado por Eduardo Cunha, Michel Temer, a então oposição, parte da base governista e os movimentos de rua de verniz conservador.

Agora, prepara-se para enfrentar a análise do recurso contra a condenação imposta pela Lava Jato. A acusação de que ganhou um tríplex reformado a preço de banana está em xeque devido a lacunas na apuração e na sentença de Sergio Moro, além do curioso trâmite acelerado da ação.

Durante a sessão desta quarta (24), ruas próximas ao TRF-4 serão bloqueadas, haverá monitoramento aéreo, ações do tribunal serão suspensas. Cerca de 300 jornalistas brasileiros e de outros países acompanharão in loco o julgamento. Mais um recorde em uma trajetória que coleciona lances extraordinários.

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