E segue o baile
Em tempos normais, o comentário de um vereador jamais chamaria atenção para além dos limites da Câmara Municipal onde ele tivesse assento. Se fosse muito estridente e original, talvez ganhasse um registro de pé de página na gazeta local.
Mas os tempos que correm são estranhos como repete o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. E por estranhos, o comentário poderá ser respondido pelos principais líderes políticos do país, entre eles o vice-presidente da República.
Foi o que aconteceu, ontem, para satisfação do vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), sempre à procura de holofotes, que na véspera escrevera no Twitter que por vias democráticas jamais será possível apressar as mudanças de que o Brasil tanto precisa.
De fato, ninguém respondeu ao Zero Dois. Os que o fizeram valeram-se do filho para responder ao pai desde domingo calado e preso a um leito de hospital. Como os irmãos, Carlos é um boneco de ventríloquo que vocaliza o que o pai pensa ou manda que diga.
A ele e aos demais Zeros falta cultura para proporem ideias a ser aproveitadas pelo país. Também falta ao pai, um insignificante deputado federal do baixo clero por quase 30 anos que trocava de partido como um bebê troca de fraldas. Trocou oito vezes.
Bolsonaro em nada evoluiu durante todo esse tempo. Foi o país que andou para trás e então os dois se encontraram. Os garotos são um espelho do pai que os criou com mão de ferro à sua imagem e semelhança. Natural que quando falem, seja o pai que fala por eles.
O deputado que sempre defendeu a ditadura militar de 64 e que certa vez disse não confiar na força do voto para mudar coisa alguma, é o presidente que há pouco tempo ameaçou usar a borduna se for impedido de governar ao seu gosto.
Se não houver forte reação ao que prega de viva voz e ao que defendem os filhos quando ele finge estar mudo, sua tarefa ficará mais fácil. Não há, pois, reação exagerada aos desvarios de uma família que marcha unida “com Deus pela liberdade”.
Esse filme já passou. Não vale a pena assisti-lo outra vez. A produção é péssima, o roteiro uma porcaria e os atores medíocres.
Chance zero de uma nova CPMF
Jogo de cena
A proposta do ministro Paulo Guedes de criação de uma nova CPMF ou de algo parecido tem chance zero de ser aprovada pelo Congresso. Mais de uma vez, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, já disse que, ali, não deixará que ela sequer seja votada.
Se ele não mudar de opinião, assim será. O que dará oportunidade para que Guedes e o presidente Jair Bolsonaro possam dizer mais adiante que o Congresso teima em boicotar as iniciativas do governo, e justificar dessa forma as dificuldades que enfrentam.
Queixam-se senadores, principalmente eles, que Guedes quando comparece ao Congresso é quase sempre para discursar, aparecer bem na televisão, mas que costuma ir embora sem dar respostas às dúvidas que ficam e sem explicar direito coisa alguma.
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