Lula é o oponente ideal para Bolsonaro, mas Lula e pandemia, juntos, ameaçam a reeleição
Com a falta de leitos e a
disparada de mortes, o Exército Brasileiro logo estará entre duas alternativas:
ir para a rua garantir o lockdown e salvar vidas, como propõe a senadora Kátia Abreu,
ou, depois, usar seus caminhões para transportar corpos, como advertiu o então ministro Luiz Henrique Mandetta para
o presidente Jair Bolsonaro, ao selar sua demissão do governo ainda no início
da pandemia. O presidente não sabe ouvir a verdade. Degolou o ministro.
Mandetta caiu por defender
isolamento social e Nelson Teich, por se recusar a adotar um medicamento
rejeitado no mundo inteiro contra o coronavírus. Bolsonaro, então, foi
buscar um general da ativa para ignorar o isolamento, liberar geral a
cloroquina e bater continência para qualquer barbaridade – inclusive contra
vacinas e até contra máscaras.
Só um ser na face da Terra é capaz de fazer Bolsonaro cair na real: Luiz Inácio Lula da Silva. Ao entrar na campanha presidencial de 2022, na quarta-feira, Lula já empurrou Bolsonaro para o campo minado onde ele é mais vulnerável, exatamente a pandemia, que pode, ou deve, chegar a 300 mil mortos ainda em março. Os conselheiros do presidente, muito terraplanistas e pouco científicos, previam 2.100...
Bolsonaro sentiu o golpe
de Lula quase imediatamente. Logo depois da fala de Lula, que estava de
máscara, pediu licença para tirá-la e passou álcool teatralmente no microfone,
eis que o presidente aparece numa cerimônia do Planalto de máscara! Ele nunca
usa, nem nos palácios, nas padarias, nas ruas, nem mesmo ao abraçar velhos e
crianças em campanha política pelo País e já tentou até desacreditar o uso de
máscaras numa live da internet. Foi patético!
Para piorar, o
senador Flávio Bolsonaro, o “01”, esse da
mansão mal explicada de R$ 6 milhões, pediu para a tropa viralizar a nova
mensagem do pai: “Nossa arma é a vacina!”. Como assim?
Todo mundo sabe que as “armas” dos Bolsonaros não são as vacinas, são
revólveres, pistolas, rifles, balas. E que, para o presidente, a “vacina
chinesa do Doria” (que a mãe dele tomou) causa “morte, invalidez e anomalia”. E
alguém se esqueceu? “Não vou tomar, ponto final.”
O papai Jair e o irmão
“01” tentaram, portanto, dar uma cambalhota no negacionismo, mas a única coisa
que conseguiram foi aumentar a montanha de frases, imagens e atos que Lula já
tem fartamente à disposição sobre o negacionismo de Bolsonaro, apontado como o
pior líder do mundo na pandemia. E se esqueceram de avisar da guinada para o
deputado Eduardo Bolsonaro, o “03”.
Em Israel, sem saber que
agora máscara é legal, vacina é bacana e era para dar o dito pelo não dito, lá
foi ele xingar a imprensa de “mequetrefe” por cobrar uso de máscara e divulgar
que, numa comparação impregnada de simbologia, a comitiva liderada pelo
chanceler Ernesto Araújo tirou foto sem
máscara no embarque no Brasil e com ela no desembarque em Tel-Aviv. E o vexame
do chanceler? Mas deixa pra lá. O fundamental é que estavam todos lá para um
ato místico: orar para um spray milagroso.
A imprensa é mequetrefe,
intrometida, enxerida e, assim, descobre mansões, rachadinhas, Queiroz, Wassef
e informações privilegiadas da Petrobrás... A real ameaça é um presidente que
se mete onde não deve, ataca a ciência, a inteligência, as pesquisas, as
estatísticas, o ambiente, a cultura, a OMS, os parceiros prioritários do
Brasil. Reclama que os governadores estão “destruindo” a economia, mas ele
próprio destrói vidas.
Detestem ou não Lula, ele traz duas novidades para o ambiente macabramente contaminado do Brasil. Jair Bolsonaro correu sozinho no páreo até aqui, mas passou a ter oposição. E o petista é considerado o oponente dos seus sonhos, mas Lula e pandemia, juntos, podem ser mortais para a reeleição.
Um comentário:
Texto perfeito, Eliane.
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