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Evo Morales conquista 60% dos votos na Bolívia, segundo pesquisa de boca de urna
Evo Morales conquista 60% dos votos na Bolívia, segundo pesquisa de boca de urna
Morales chega ao local de votação acenando para seguidores: eleições bolivianas ocorreram tranquilamente, apenas com poucos incidentes isolados, afirmou a OEA
Numa localidade à beira do lago Titicaca, eleitores fazem fila para votar
Sabrina Valle
Nas eleições legislativas realizadas simultaneamente, as pesquisas de boca de urna apontam que o Movimento ao Socialismo (MAS) de Morales conseguiu 25 das 36 cadeiras no Senado, o que encerra a oposição na casa ao governo.
Apesar de alguns temores de que confrontos entre oposicionistas e governistas - recorrentes nos últimos quatro anos - pudessem ser revividos no dia de ontem, o que se viu nas ruas de La Paz, fortemente policiada, foi uma espantosa tranquilidade.
Desafio de manter o crescimento
Morales terá como missão para um segundo mandato implementar a nova Constituição, que transforma a Bolívia num Estado Plurinacional, com cinco níveis de autonomia, além de prever mudanças estruturais na legislação. Pelo menos 100 leis da nova Carta Magna, aprovada por referendo em 25 de janeiro, ainda precisam passar pelos legisladores, processo agora facilitado com o controle de dois terços da Assembleia Plurinacional (o novo Congresso), se confirmadas as pesquisas.
O maior desafio será conseguir desenvolver a indústria nacional e distribuir melhor as riquezas da Bolívia, aumentando o nível de emprego e elevando os indicadores sociais de um país que tem cerca de 70% abaixo da linha da pobreza. O alto nível de crescimento dos últimos anos foi em parte sustentado pelo alto preço das commodities no exterior, especialmente do gás, responsável pela metade das exportações do país.
- O crescimento está acima de 3%, mas o nível de renda não melhorou e o desemprego subiu. O presidente terá como desafio manter o nível alto de crescimento independentemente do cenário internacional - afirmou Juan Antonio Morales, ex-presidente do Banco Central boliviano.
Morales também precisará lidar com a forte divisão entre o altiplano pobre e indígena e os departamentos orientais da chamada Meia Lua, onde está concentrada a elite produtora.
Observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) garantiram a confiabilidade do sistema eleitoral, que neste ano inaugurou um sistema de votação manual casado com um registro prévio das impressões digitais, fotografia e assinatura dos eleitores. Dos cerca de 10 milhões de habitantes, 5,1 milhões estavam habilitados a votar.
Apenas incidentes isolados foram registrados, como o proibição de entrada no país de um ônibus vindo do Brasil com eleitores bolivianos moradores de Brasileia, no Acre. Segundo o cônsul boliviano na cidade, José Luis Chaurara, por serem residentes no Brasil, os eleitores deveriam votar em São Paulo, onde foram instaladas urnas para parte dos cerca de 200 mil bolivianos moradores do país. Essa foi a primeira vez que bolivianos no exterior puderam votar, em Argentina, EUA, Espanha e Brasil.
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