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Partido luta para sobreviver em 2010; PSDB se afasta do aliado
Partido luta para sobreviver em 2010; PSDB se afasta do aliado
Apontado como chefe do mensalão do DEM, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, promete resistir na Justiça a uma eventual expulsão pela executiva nacional, na próxima quinta-feira
Adriana Vasconcelos, Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut
Atordoado com uma das maiores crises do partido desde que era Arena e apoiou a ditadura, o DEM tenta neutralizar os desgastes do escândalo do mensalão de Brasília para sobreviver eleitoralmente em 2010. Para isso, a expulsão do governador José Roberto Arruda (DF) - que deve ocorrer em reunião da executiva nacional na próxima quinta-feira - é considerada essencial. Mas Arruda - vendo-se virtualmente expulso - já sinalizou ao DEM que deve recorrer à Justiça após a decisão de quinta-feira, alegando cerceamento de defesa.
Embora o PSDB tenha preferido se distanciar de seu tradicional aliado nos últimos dias, exigindo saída dos tucanos do governo Arruda, a aposta é que a aliança nacional com o DEM para 2010 será mantida. Até porque o tempo de TV que o DEM dará ao presidenciável no horário eleitoral gratuito é considerado essencial para o sucesso da oposição. Mas se reduziram muito as chances de o partido indicar um vice na chapa tucana. O mal-estar entre as duas siglas cresceu depois que o presidente regional do PSDB no DF, Márcio Machado, foi envolvido no escândalo do mensalão e depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar a denúncia contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB) sobre envolvimento no mensalão mineiro.
Arruda tem até 12h15m de quinta-feira para apresentar defesa, mas o relator do caso no DEM, ex-deputado José Thomaz Nonô, foi orientado a dar parecer no mesmo dia, possibilitando a reunião da Executiva para decidir o caso.
Ontem, o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), avisou que a intenção é dar uma resposta à sociedade na quinta-feira, com ou sem manobras judiciais de Arruda.
Mas Maia repetiu que é direito dele recorrer.
Desde fim do governo FH, partido perde espaço
O governador de São Paulo, José Serra, e seus aliados, por exemplo, devem aproveitar a crise do DEM para reforçar o discurso de chapa puro-sangue. Na verdade, Serra já vinha trabalhando nos bastidores para convencer Aécio Neves, governador de Minas, a aceitar o posto de vice na chapa encabeçada por ele. Serra teme que, sem um empenho efetivo de Aécio, a campanha presidencial dos tucanos corra o risco de naufragar mais uma vez em Minas, hoje o segundo maior colégio eleitoral do país e cujo peso foi decisivo nas derrotas do PSDB em 2002 e 2006.
Já o grupo tucano ligado a Aécio entende que a crise no DEM deve ser vista pelo PSDB como um alerta. A avaliação é que a aliança feita até agora pelos tucanos, com o DEM e o PPS, é muito frágil e precisa urgentemente ser ampliada.
Desde que o ex-presidente Fernando Henrique deixou o poder, o DEM vem minguando a cada eleição. Em 2006 só conseguiu eleger um governador, Arruda, justamente o que lançou a legenda na atual crise. Por isso mesmo, Aécio pretende prosseguir em contato com legendas que hoje compõem a base de sustentação do governo Lula, como PTB, PP e PSB.
Se conseguir ser candidato à Presidência, dizem aliados de Aécio, ele terá chances de, no mínimo, abalar a aliança fechada entre PT e PMDB. Os democratas já perceberam a movimentação do PSDB para retirar do partido a condição de aliado preferencial e começam a reagir.
- Essa discussão de vice é para o futuro. É muito pequeno discutir a vice agora. Até porque esse problema aconteceu com todos os partidos, inclusive com o PSDB - diz Rodrigo Maia, referindo-se aos tucanos flagrados em irregularidades na administração Arruda.
Em meio às queixas de Maia sobre falta de solidariedade tucana, o secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG), garante que a aliança será preservada:
- O DEM continua sendo nosso grande parceiro - disse ele na sexta-feira.
Antes do escândalo, Arruda vinha sendo cogitado como uma das melhores alternativas do DEM numa eventual chapa com os tucanos. Até porque o leque de opções do partido não empolga muito. Uma outra opção seria o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN). O nome da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), também lembrado como alternativa, é visto com restrições pelos tucanos - embora muito bem avaliada no Congresso, ela representa os ruralistas. Com esse perfil, Kátia não acrescentaria um voto sequer ao eleitorado tucano. Há quem cite os senadores Marco Maciel (DEM-PE) e Demóstenes Torres (DEM-GO) como opções.
Na tentativa de se manter vivo nacionalmente, o DEM vai tentar recuperar espaço em seis estados onde nomes seus são competitivos: na Bahia, com o ex-governador Paulo Souto; no Rio Grande do Norte, com a senadora Rosalba Ciarlini; em Tocantins, com a senadora Kátia Abreu; em Sergipe, com o ex-governador João Alves; em Santa Catarina, com o senador Raimundo Colombo; e em Mato Grosso, com o senador Jayme Campos.
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