“Olha, a primeira vez que eu ouvi referência a Gramsci foi de um militante do Partido Comunista, negro, de origem favelada, aqui do Rio. Dos intelectuais mais finos que eu conheci na minha vida. Morreu louco. Viveu na clandestinidade todo o tempo. Não sei o que houve com ele na clandestinidade que ele não agüentou. Mas, este homem mobilizava Gramsci em intervenções no interior do Partido. A gente não conhecia, nunca tinha visto. Depois, quem introduz Gramsci aqui foi o Leandro, o Carlos Nelson Coutinho, na Civilização Brasileira, em 1978. E foi o Ênio Silveira que bancou aquilo que, de início não vendia nada. Algum tempo depois, entrava-se na livraria e comprava-se o Gramsci por quilo. Foi estourar depois. Quando o tema da política vem de volta com a abertura, com a transição. Todas as categorias do Gramsci se tornam muito atuais. Tornam-se como se viu dominante para os intelectuais brasileiros que participaram da transição(?), apropriado pela direita, pela esquerda. E logo depois entra na Universidade, especialmente, no Serviço Social, na Pedagogia e do jeito que se sabe que foi apropriado lá”.
Luiz Werneck Vianna, em Conversas com sociólogos brasileiros: Retórica e teoria na história do pensamento sociológico do Brasil. – FGV, relatório 11/2008 – Pág.120, Rio de Janeiro.
Luiz Werneck Vianna, em Conversas com sociólogos brasileiros: Retórica e teoria na história do pensamento sociológico do Brasil. – FGV, relatório 11/2008 – Pág.120, Rio de Janeiro.
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