DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Às vésperas da vinda de Hillary Clinton, o subsecretário Arturo Valenzuela disse ser um erro o Brasil se opor a sanções contra o Irã. Em Brasília, William Burns, o número 3 da diplomacia dos EUA, criticou indiretamente o país por não defender os direitos humanos em Cuba. Lula reafirmou as posições do governo.
EUA veem "erro" em apoio do Brasil ao Irã e elevam pressão
Às vésperas da visita de Hillary, americanos cobram posição mais dura do governo Lula
Lula defende sua relação com a república islâmica, suspeita de buscar a bomba, e afirma: "Quero para o Irã o que eu quero para o Brasil"
Colaboração para a Folha, em Washington
Da Sucursal de Brasília
Às vésperas da vinda de Hillary Clinton, o subsecretário Arturo Valenzuela disse ser um erro o Brasil se opor a sanções contra o Irã. Em Brasília, William Burns, o número 3 da diplomacia dos EUA, criticou indiretamente o país por não defender os direitos humanos em Cuba. Lula reafirmou as posições do governo.
EUA veem "erro" em apoio do Brasil ao Irã e elevam pressão
Às vésperas da visita de Hillary, americanos cobram posição mais dura do governo Lula
Lula defende sua relação com a república islâmica, suspeita de buscar a bomba, e afirma: "Quero para o Irã o que eu quero para o Brasil"
Colaboração para a Folha, em Washington
Da Sucursal de Brasília
Às vésperas da visita da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, ao Brasil, o governo americano avisou que considera "um erro" a posição brasileira contrária a novas sanções contra o Irã visando impedir que o programa nuclear da república islâmica seja usado para construir a bomba, como suspeita a ONU.
Ao mesmo tempo, os EUA enviam sinais de que terão o que oferecer para amainar a posição brasileira na crítica questão nuclear -Brasília considera as pressões sobre o Irã um prelúdio do que pode ocorrer consigo, embora rejeite a bomba, e vê hipocrisia das potências que já a possuem.
"Nós realmente consideramos um erro [a posição brasileira contrária a sanções ao Irã]. Vamos encorajar o Brasil a pressionar os iranianos para que eles cumpram com os acordos internacionais", afirmou em Washington Arturo Valenzuela, que é o mais alto diplomata americano para a região.
"Se o Brasil usar esse relacionamento para fazer com que o Irã cumpra os compromissos assumidos internacionalmente, terá sido um passo importante. Se não, nós ficaremos desapontados", afirmou.
Em El Salvador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sua visita ao Irã em maio. "Estou indo para o Irã como vou a qualquer país do mundo. Os EUA nunca pediram para mim para não viajar para qualquer país. Eu quero para o Irã o que eu quero para o Brasil", disse.
"Cenário desapontador"
Já um dos chefes de Valenzuela, o número 3 da diplomacia americana, William Burns, chegou ontem a Brasília para falar sobre Irã e os outros temas da visita de Hillary, que começa na quarta-feira que vem.
Mais diplomático, evitou em entrevista à Folha criticar diretamente o Brasil, mas elencou a crítica já conhecida aos aiatolás e disse que, se ainda há espaço para negociações, "o cenário é desapontador".
"As sanções não são para punir, mas para mostrar que há consequências nas ações do Irã", afirmou Burns.
Em conversas com o chanceler Celso Amorim e outras autoridades, o subsecretário de Assuntos Políticos Burns acenou com a possibilidade de os EUA darem passos visando o próprio desarmamento.
Ele disse que EUA e Rússia pretendem concluir um novo acordo de redução de ogivas nucleares antes da revisão do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), em maio. Desde 2005 o TNP não registra avanços, e o Brasil usa o não desarmamento das potências como justificativa para não aderir a extensões do tratado.
Nas conversas, Burns acenou, inclusive, com a possibilidade de os entendimentos com a Rússia ocorrerem até abril, a tempo de o presidente Barack Obama poder comemorar a novidade na cúpula de presidentes sobre segurança nuclear, à qual Lula deverá comparecer.Além de reunir-se com Amorim, Burns almoçou com a subsecretária do Itamaraty para a área política, embaixadora Vera Machado, e com o diretor do Departamento de Organismos Internacionais, Carlos Duarte.
O tema central não foi diretamente a divergência entre os dois países sobre o Irã, mas sim sobre a questão que está por trás: o aumento da produção mundial e o risco de aventuras na área nuclear.
Além de discussões sobre o crescente antiamericanismo na América Latina, Hillary terá uma agenda econômica. Burns afirmou que as equipes negociadoras americanas estão tentando fechar um acordo para evitar que o Brasil inicie a retaliação permitida pela Organização Mundial do Comércio devido ao contencioso ganho pelo país contra os EUA por causa dos subsídios dados aos produtores de algodão.
(Leandra Peres, Eliane Cantanhêde, Igor Gielow e Simone Iglesias)
Ao mesmo tempo, os EUA enviam sinais de que terão o que oferecer para amainar a posição brasileira na crítica questão nuclear -Brasília considera as pressões sobre o Irã um prelúdio do que pode ocorrer consigo, embora rejeite a bomba, e vê hipocrisia das potências que já a possuem.
"Nós realmente consideramos um erro [a posição brasileira contrária a sanções ao Irã]. Vamos encorajar o Brasil a pressionar os iranianos para que eles cumpram com os acordos internacionais", afirmou em Washington Arturo Valenzuela, que é o mais alto diplomata americano para a região.
"Se o Brasil usar esse relacionamento para fazer com que o Irã cumpra os compromissos assumidos internacionalmente, terá sido um passo importante. Se não, nós ficaremos desapontados", afirmou.
Em El Salvador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sua visita ao Irã em maio. "Estou indo para o Irã como vou a qualquer país do mundo. Os EUA nunca pediram para mim para não viajar para qualquer país. Eu quero para o Irã o que eu quero para o Brasil", disse.
"Cenário desapontador"
Já um dos chefes de Valenzuela, o número 3 da diplomacia americana, William Burns, chegou ontem a Brasília para falar sobre Irã e os outros temas da visita de Hillary, que começa na quarta-feira que vem.
Mais diplomático, evitou em entrevista à Folha criticar diretamente o Brasil, mas elencou a crítica já conhecida aos aiatolás e disse que, se ainda há espaço para negociações, "o cenário é desapontador".
"As sanções não são para punir, mas para mostrar que há consequências nas ações do Irã", afirmou Burns.
Em conversas com o chanceler Celso Amorim e outras autoridades, o subsecretário de Assuntos Políticos Burns acenou com a possibilidade de os EUA darem passos visando o próprio desarmamento.
Ele disse que EUA e Rússia pretendem concluir um novo acordo de redução de ogivas nucleares antes da revisão do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), em maio. Desde 2005 o TNP não registra avanços, e o Brasil usa o não desarmamento das potências como justificativa para não aderir a extensões do tratado.
Nas conversas, Burns acenou, inclusive, com a possibilidade de os entendimentos com a Rússia ocorrerem até abril, a tempo de o presidente Barack Obama poder comemorar a novidade na cúpula de presidentes sobre segurança nuclear, à qual Lula deverá comparecer.Além de reunir-se com Amorim, Burns almoçou com a subsecretária do Itamaraty para a área política, embaixadora Vera Machado, e com o diretor do Departamento de Organismos Internacionais, Carlos Duarte.
O tema central não foi diretamente a divergência entre os dois países sobre o Irã, mas sim sobre a questão que está por trás: o aumento da produção mundial e o risco de aventuras na área nuclear.
Além de discussões sobre o crescente antiamericanismo na América Latina, Hillary terá uma agenda econômica. Burns afirmou que as equipes negociadoras americanas estão tentando fechar um acordo para evitar que o Brasil inicie a retaliação permitida pela Organização Mundial do Comércio devido ao contencioso ganho pelo país contra os EUA por causa dos subsídios dados aos produtores de algodão.
(Leandra Peres, Eliane Cantanhêde, Igor Gielow e Simone Iglesias)
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