DEU EM O GLOBO
Pela primeira vez desde outubro de 2008, no auge da crise global, praticamente todas as aplicações financeiras perderam, em fevereiro, para a inflação de 1,18%, medida pelo IGP-M.
Pela primeira vez desde outubro de 2008, no auge da crise global, praticamente todas as aplicações financeiras perderam, em fevereiro, para a inflação de 1,18%, medida pelo IGP-M.
Esse percentual superou os rendimentos dos fundos de ações e de renda fixa, dos FGTS Petrobras, da poupança e do dólar. Apenas os FGTS Vale tiveram rentabilidade melhor, superando os 2,6% até o último dia 23. A perda nas aplicações aumenta ainda mais a pressão para que o Banco Central eleve juros rapidamente.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, deixou claro que as taxas podem subir no curto prazo:
“Enganam-se aqueles que esperam mudanças na conduta do BC em função do calendário cívico”, frisou, referindo-se às eleições. Segundo ele, o BC poderá tomar “decisões antipáticas ou impopulares”.
A inimiga da rentabilidade
Pela 1ª vez na crise, inflação corrói ganho das principais aplicações em fevereiro
Felipe Frisch
Ainflação de 1,18% medida pelo IGP-M em fevereiro corroeu a rentabilidade de praticamente todas as aplicações financeiras no mês. É a primeira vez em que a inflação supera os principais tipos de investimento desde outubro de 2008, quando a crise financeira se agravou.
Os conservadores fundos DI, que investem em títulos públicos pós-fixados e acompanham a taxa básica de juros, Selic (hoje em 8,75% ao ano), renderam 0,52% até dia 23, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Mas, descontada a inflação, os investidores dessas carteiras, na verdade, perderam 0,67% do poder de compra do dinheiro aplicado.
Mesmo considerando a estimativa de rentabilidade para o mês fechado, de 0,68%, o rendimento real do fundo DI seria negativo em 0,51%. E essas variações não consideram o Imposto de Renda (IR), que pode variar de 15% a 22,5% do rendimento, dependendo do prazo da aplicação, levando a perdas reais entre 0,61% e 0,66% no mês.
Para os investidores da poupança, a situação é pior ainda. Apesar do rendimento fixo em 0,50% ao mês, o dinheiro aplicado na caderneta, na prática, perdeu 0,69% do seu valor. O dólar foi o que teve pior desempenho no mês: caiu 4,14%.
FGTS-Vale é melhor aplicação do mês
As carteiras de quem aplicou parte do Fundo de Garantia (FGTS) em ações da Vale, os FGTS-Vale, foram o melhor investimento de fevereiro, com rentabilidade de 2,61% até dia 23. Descontado o IGP-M, o rendimento vai para 1,40%. Se for considerada a rentabilidade das ações da Vale no mês fechado, de 5,54%, o ganho deflacionado cai para 4,28%.
O Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com toda a volatilidade do período, subiu 1,68% no mês, tendo saído de 65.401 para 66.503 pontos. Descontado o IGP-M, o ganho real cai para 0,48% ainda positiva.
O administrador de investimentos Fabio Colombo avalia que a melhor forma de se proteger da inflação é investir em títulos públicos ou fundos de investimento atrelados à inflação.
No Tesouro Direto, sistema de compra de papéis do governo pela internet, há as Notas do Tesouro Nacional da série B (NTNs-B), que pagam juros semestrais e corrigem o valor aplicado pelo IPCA, o indicador oficial de inflação
Perda pode acelerar a alta da Selic
O especialista avalia que justamente o fato de a inflação estar superando as aplicações poderá servir de motivo para o Banco Central (BC) começar a elevar a Selic logo, talvez já na reunião de 16 e 17 de março do Comitê de Política Monetária (Copom).
— A preocupação do investidor é essa, e esse é um motivo para o BC subir os juros. Se a situação ficar mais dois ou três meses assim, o pessoal vai começar a tirar dinheiro das aplicações com juros baixos e comprar imóveis, olhar carro para trocar, e isso é mais lenha para a inflação — diz, ao lembrar que, mesmo pelo IPCA, a inflação projetada para fevereiro, ainda não divulgada, está na casa de 0,73%, segundo o último relatório Focus, do BC, com projeções do mercado.
Para Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec, não há muito o que o investidor de renda fixa — como os fundos com este nome, os DI e a poupança — possa fazer para fugir das perdas reais. No entanto, ele não acredita que este cenário de inflação alta se mantenha ao longo do ano. Ou seja, essas pessoas não devem ficar com rendimento real negativo no ano.
Para ele, a atuação do governo ainda está lenta, já influenciada pelas eleições presidenciais e pelo risco de impopularidade de se elevar os juros do ponto de vista de quem toma crédito.
— Estamos esperando uma atitude mais firme, aos primeiros sinais de que inflação pode subir além do desejado.
Por enquanto, o governo ainda está muito no discurso — diz.
O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, lembra que boa parte da alta do IGP-M veio da variação da inflação do atacado, o IPA, que é 60% do IGP-M e subiu 1,42% em fevereiro. Para ele, se os custos industriais que formam parte do IPA continuarem elevados em março, será um sinal de que a demanda está forte e de que a alta de preços poderá durar mais tempo. Já, se esta parte do índice recuar, mostrará que ainda era influência da alta do dólar em janeiro
A inimiga da rentabilidade
Pela 1ª vez na crise, inflação corrói ganho das principais aplicações em fevereiro
Felipe Frisch
Ainflação de 1,18% medida pelo IGP-M em fevereiro corroeu a rentabilidade de praticamente todas as aplicações financeiras no mês. É a primeira vez em que a inflação supera os principais tipos de investimento desde outubro de 2008, quando a crise financeira se agravou.
Os conservadores fundos DI, que investem em títulos públicos pós-fixados e acompanham a taxa básica de juros, Selic (hoje em 8,75% ao ano), renderam 0,52% até dia 23, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Mas, descontada a inflação, os investidores dessas carteiras, na verdade, perderam 0,67% do poder de compra do dinheiro aplicado.
Mesmo considerando a estimativa de rentabilidade para o mês fechado, de 0,68%, o rendimento real do fundo DI seria negativo em 0,51%. E essas variações não consideram o Imposto de Renda (IR), que pode variar de 15% a 22,5% do rendimento, dependendo do prazo da aplicação, levando a perdas reais entre 0,61% e 0,66% no mês.
Para os investidores da poupança, a situação é pior ainda. Apesar do rendimento fixo em 0,50% ao mês, o dinheiro aplicado na caderneta, na prática, perdeu 0,69% do seu valor. O dólar foi o que teve pior desempenho no mês: caiu 4,14%.
FGTS-Vale é melhor aplicação do mês
As carteiras de quem aplicou parte do Fundo de Garantia (FGTS) em ações da Vale, os FGTS-Vale, foram o melhor investimento de fevereiro, com rentabilidade de 2,61% até dia 23. Descontado o IGP-M, o rendimento vai para 1,40%. Se for considerada a rentabilidade das ações da Vale no mês fechado, de 5,54%, o ganho deflacionado cai para 4,28%.
O Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com toda a volatilidade do período, subiu 1,68% no mês, tendo saído de 65.401 para 66.503 pontos. Descontado o IGP-M, o ganho real cai para 0,48% ainda positiva.
O administrador de investimentos Fabio Colombo avalia que a melhor forma de se proteger da inflação é investir em títulos públicos ou fundos de investimento atrelados à inflação.
No Tesouro Direto, sistema de compra de papéis do governo pela internet, há as Notas do Tesouro Nacional da série B (NTNs-B), que pagam juros semestrais e corrigem o valor aplicado pelo IPCA, o indicador oficial de inflação
Perda pode acelerar a alta da Selic
O especialista avalia que justamente o fato de a inflação estar superando as aplicações poderá servir de motivo para o Banco Central (BC) começar a elevar a Selic logo, talvez já na reunião de 16 e 17 de março do Comitê de Política Monetária (Copom).
— A preocupação do investidor é essa, e esse é um motivo para o BC subir os juros. Se a situação ficar mais dois ou três meses assim, o pessoal vai começar a tirar dinheiro das aplicações com juros baixos e comprar imóveis, olhar carro para trocar, e isso é mais lenha para a inflação — diz, ao lembrar que, mesmo pelo IPCA, a inflação projetada para fevereiro, ainda não divulgada, está na casa de 0,73%, segundo o último relatório Focus, do BC, com projeções do mercado.
Para Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec, não há muito o que o investidor de renda fixa — como os fundos com este nome, os DI e a poupança — possa fazer para fugir das perdas reais. No entanto, ele não acredita que este cenário de inflação alta se mantenha ao longo do ano. Ou seja, essas pessoas não devem ficar com rendimento real negativo no ano.
Para ele, a atuação do governo ainda está lenta, já influenciada pelas eleições presidenciais e pelo risco de impopularidade de se elevar os juros do ponto de vista de quem toma crédito.
— Estamos esperando uma atitude mais firme, aos primeiros sinais de que inflação pode subir além do desejado.
Por enquanto, o governo ainda está muito no discurso — diz.
O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, lembra que boa parte da alta do IGP-M veio da variação da inflação do atacado, o IPA, que é 60% do IGP-M e subiu 1,42% em fevereiro. Para ele, se os custos industriais que formam parte do IPA continuarem elevados em março, será um sinal de que a demanda está forte e de que a alta de preços poderá durar mais tempo. Já, se esta parte do índice recuar, mostrará que ainda era influência da alta do dólar em janeiro
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