Ainda uma vez mais, porém, o espírito público teve de conceder dilação aos poderes do Estado.
Durante as sessões que acabam de passar, a oposição quis, mas o governo impediu-lhe, discutir as medidas legislativas e administrativas por que se clama desde muito.
Quando expira o último eco da tribuna, a imprensa cabe continuar a sua tarefa comum de combater e apontar-nos as reformas.
Aproveitar o tempo do intervalo das sessões legislativas, pôr diante do país, estudar, discutir cada um dos problemas da atualidade, é agora o importante dever da imprensa.
E é a missão, senhor, que o patriotismo nos inspira hoje.
E é a missão, senhor, que o patriotismo nos inspira hoje.
Nestas linhas, soltas ao voar do pensamento, sem formas acabadas, sem linguagem polida, vosso espírito elevado não enxergará um plano misterioso de desacreditar o governo, este ou aquele governo, este ou aquele ministério, esta ou aquela administração. A meu ver, os erros administrativos e econômicos que afligem o Império não são exclusivamente filhos de tal ou tal indivíduo que há subido ao poder, de tal ou tal partido que há governado. Não. Constituem um sistema seguido, compacto, invariável. Eles procedem todos de um princípio político afetado de raquitis, de uma ideia geradora e fundamental: a onipotência do Estado, e no Estado a máquina central, e nesta máquina certas e determinadas rodas que imprimem movimento ao grande todo.
TAVARES BASTOS, Aureliano Cândido, em “Cartas do Solitário”, 3ª edição, págs. 28-29 – Companhia Editora Nacional , 1938, feira sobre a 2ª edição de 1863)
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