DEU EM O GLOBO
Ministra fará discurso hoje com tom moderado em defesa da estabilidade
Ao aprovar diretrizes do programa de governo para a pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff ao Planalto, o congresso do PT incluiu no documento teses mais radicais e à esquerda do texto base da Executiva. Entre elas, taxação gradativa das grandes fortunas, combate ao monopólio dos meios de comunicação e mudança na legislação sobre telecomunicação. Por pressão da CUT, os 1.300 delegados aprovaram o compromisso de tentar reduzir a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Foi derrotada a emenda que previa a inclusão do nome do PMDB como aliado preferencial na campanha presidencial. O congresso termina hoje, com o lançamento da pré-candidatura da ministra. Em seu discurso, Dilma fará um contraponto às teses esquerdistas, reafirmando o compromisso com a estabilidade econômica.
De volta ao passado
PT aprova propostas radicais e polêmicas para o projeto de governo de Dilma
Maria Lima e Soraya Aggege*
BRASÍLIA - Os participantes do 4º Congresso Nacional do PT aprovaram ontem o texto final das diretrizes do programa de governo da sua pré-candidata à Presidência, ministra Dilma Rousseff, com um viés mais esquerdista e radical em relação ao texto inicial proposto pela Executiva Nacional. Os 1.300 delegados do PT no encontro incluíram no programa de governo de Dilma teses históricas mais à esquerda, como taxação gradativa das grandes fortunas e medidas de combate ao que chamam de monopólio dos meios de comunicação.
Com mobilização da CUT no encontro, também foi aprovada emenda tornando mais afirmativo o compromisso com a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salário. Na parte dos Direitos Humanos, foram aprovadas emendas que tratam da reforma agrária, como o fim da criminalização dos movimentos sociais e a reintegração de posse sem violência. Foi aprovada ainda, por unanimidade, uma moção de apoio incondicional do PT ao Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), que prevê a criação de uma Comissão da Verdade para rever atos cometidos por militares na ditadura.
O Congresso do PT será encerrado hoje, com o lançamento da précandidatura de Dilma, que ontem não participou do encontro. A convenção que oficializará a candidatura será em junho, no período previsto pela legislação eleitoral.
Lula não comenta propostas radicais
O presidente Lula participou do encontro e discursou no fim da noite de ontem, defendendo que o PT invista numa política de alianças. Ele não comentou, porém, as propostas aprovadas horas antes pelos petistas. Emocionado e ovacionado, lembrou que sua eleição só foi possível depois de abrir-se para acordos com outros partidos.
Este ano, disse, o PT deve abrir mão de governos estaduais em prol de objetivos maiores, sugerindo ser isso fundamental para a eleição de Dilma e para garantir a governabilidade.
— Não queremos governar sozinhos, temos que ajudar outros partidos a ganhar governadores também.
O PT tem força e só precisa descobrir que ele é grande. E quando a gente descobre que a gente é grande, a gente fica mais bondoso. A gente tem que repartir o poder com nossos aliados — discursou Lula, de improviso. — Minha eleição não foi obra de sorte, mas resultado de um aprendizado.
Sem citar o PMDB, o presidente lembrou que ao chegar ao governo foi preciso dar um passo a mais, ampliando as alianças. E aproveitou para alfinetar setores da oposição, que em 2005, na crise do mensalão petista, apregoavam o fim do PT.
— Até compreendo o ódio que têm do PT. Na crise de 2005 diziam que iam acabar com essa raça.
Aqueles que queriam acabar, estão quase acabando — disse o presidente, numa referência ao mensalão do DEM e ao ex-presidente do PFL (hoje DEM) Jorge Bornhausen.
Antes de Lula discursar, dirigentes do PT deram várias declarações com o objetivo de reduzir eventual impacto negativo das propostas aprovadas ontem pelos petistas.
— Imposto sobre grandes fortunas e outras mudanças são bandeiras históricas do PT, mas que dependem de aprovação do Congresso. Estamos reafirmando uma posição histórica, mas são apenas diretrizes que serão apresentadas à candidata Dilma, que levará para negociação com os partidos da coligação — disse o novo presidente do PT, José Eduardo Dutra.
No caso da adoção de medidas para alterar a legislação de concessão, a regulamentação e combater o monopólio dos meios de comunicação, o expresidente Ricardo Berzoini (PT-SP) disse que a emenda é coerente com deliberações anteriores do PT e retoma resolução da 1a-Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada com apoio do governo. A emenda foi subscrita por 18 dirigentes petistas, ligados a várias correntes, inclusive do Campo Majoritário, e foi aprovada por unanimidade.
— Hoje tem uma concentração exagerada nas mãos de alguns veículos de comunicação. Uma dispersão maior de propriedade é salutar e vai levar a democratização a tudo que tem chip — respondeu Berzoini, ao ser perguntado se considera que há monopólio nos meios de comunicação.
De manhã, ao apresentar as propostas de diretrizes para o plano de governo de Dilma, o ministro Marco Aurélio Garcia ironizou o “frisson” que causou na mídia o nome dado ao documento “A grande transformação”.
Defendeu a continuidade da política externa e o polêmico Programa Nacional de Direitos Humanos, que Lula deve mudar antes de enviar ao Congresso, justamente pelas críticas de diversos setores.
* Enviada especial
Ministra fará discurso hoje com tom moderado em defesa da estabilidade
Ao aprovar diretrizes do programa de governo para a pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff ao Planalto, o congresso do PT incluiu no documento teses mais radicais e à esquerda do texto base da Executiva. Entre elas, taxação gradativa das grandes fortunas, combate ao monopólio dos meios de comunicação e mudança na legislação sobre telecomunicação. Por pressão da CUT, os 1.300 delegados aprovaram o compromisso de tentar reduzir a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Foi derrotada a emenda que previa a inclusão do nome do PMDB como aliado preferencial na campanha presidencial. O congresso termina hoje, com o lançamento da pré-candidatura da ministra. Em seu discurso, Dilma fará um contraponto às teses esquerdistas, reafirmando o compromisso com a estabilidade econômica.
De volta ao passado
PT aprova propostas radicais e polêmicas para o projeto de governo de Dilma
Maria Lima e Soraya Aggege*
BRASÍLIA - Os participantes do 4º Congresso Nacional do PT aprovaram ontem o texto final das diretrizes do programa de governo da sua pré-candidata à Presidência, ministra Dilma Rousseff, com um viés mais esquerdista e radical em relação ao texto inicial proposto pela Executiva Nacional. Os 1.300 delegados do PT no encontro incluíram no programa de governo de Dilma teses históricas mais à esquerda, como taxação gradativa das grandes fortunas e medidas de combate ao que chamam de monopólio dos meios de comunicação.
Com mobilização da CUT no encontro, também foi aprovada emenda tornando mais afirmativo o compromisso com a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salário. Na parte dos Direitos Humanos, foram aprovadas emendas que tratam da reforma agrária, como o fim da criminalização dos movimentos sociais e a reintegração de posse sem violência. Foi aprovada ainda, por unanimidade, uma moção de apoio incondicional do PT ao Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), que prevê a criação de uma Comissão da Verdade para rever atos cometidos por militares na ditadura.
O Congresso do PT será encerrado hoje, com o lançamento da précandidatura de Dilma, que ontem não participou do encontro. A convenção que oficializará a candidatura será em junho, no período previsto pela legislação eleitoral.
Lula não comenta propostas radicais
O presidente Lula participou do encontro e discursou no fim da noite de ontem, defendendo que o PT invista numa política de alianças. Ele não comentou, porém, as propostas aprovadas horas antes pelos petistas. Emocionado e ovacionado, lembrou que sua eleição só foi possível depois de abrir-se para acordos com outros partidos.
Este ano, disse, o PT deve abrir mão de governos estaduais em prol de objetivos maiores, sugerindo ser isso fundamental para a eleição de Dilma e para garantir a governabilidade.
— Não queremos governar sozinhos, temos que ajudar outros partidos a ganhar governadores também.
O PT tem força e só precisa descobrir que ele é grande. E quando a gente descobre que a gente é grande, a gente fica mais bondoso. A gente tem que repartir o poder com nossos aliados — discursou Lula, de improviso. — Minha eleição não foi obra de sorte, mas resultado de um aprendizado.
Sem citar o PMDB, o presidente lembrou que ao chegar ao governo foi preciso dar um passo a mais, ampliando as alianças. E aproveitou para alfinetar setores da oposição, que em 2005, na crise do mensalão petista, apregoavam o fim do PT.
— Até compreendo o ódio que têm do PT. Na crise de 2005 diziam que iam acabar com essa raça.
Aqueles que queriam acabar, estão quase acabando — disse o presidente, numa referência ao mensalão do DEM e ao ex-presidente do PFL (hoje DEM) Jorge Bornhausen.
Antes de Lula discursar, dirigentes do PT deram várias declarações com o objetivo de reduzir eventual impacto negativo das propostas aprovadas ontem pelos petistas.
— Imposto sobre grandes fortunas e outras mudanças são bandeiras históricas do PT, mas que dependem de aprovação do Congresso. Estamos reafirmando uma posição histórica, mas são apenas diretrizes que serão apresentadas à candidata Dilma, que levará para negociação com os partidos da coligação — disse o novo presidente do PT, José Eduardo Dutra.
No caso da adoção de medidas para alterar a legislação de concessão, a regulamentação e combater o monopólio dos meios de comunicação, o expresidente Ricardo Berzoini (PT-SP) disse que a emenda é coerente com deliberações anteriores do PT e retoma resolução da 1a-Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada com apoio do governo. A emenda foi subscrita por 18 dirigentes petistas, ligados a várias correntes, inclusive do Campo Majoritário, e foi aprovada por unanimidade.
— Hoje tem uma concentração exagerada nas mãos de alguns veículos de comunicação. Uma dispersão maior de propriedade é salutar e vai levar a democratização a tudo que tem chip — respondeu Berzoini, ao ser perguntado se considera que há monopólio nos meios de comunicação.
De manhã, ao apresentar as propostas de diretrizes para o plano de governo de Dilma, o ministro Marco Aurélio Garcia ironizou o “frisson” que causou na mídia o nome dado ao documento “A grande transformação”.
Defendeu a continuidade da política externa e o polêmico Programa Nacional de Direitos Humanos, que Lula deve mudar antes de enviar ao Congresso, justamente pelas críticas de diversos setores.
* Enviada especial
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