DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Gustavo Hennemann
Gustavo Hennemann
BUENOS AIRES - A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, considera os "temas ambientais um obstáculo" para alcançar metas econômicas e isso deve beneficiar José Serra (PSDB) no segundo turno das eleições, segundo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Em entrevista concedida anteontem ao jornal argentino "La Nación", FHC disse que Dilma e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva são desenvolvimentistas com uma visão parecida à do general Ernesto Geisel (1974-1979), presidente do regime militar.
Ambos consideram prioridade o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), segundo FHC, e veem "temas ambientais" como entraves ao desenvolvimento.
Segundo o ex-presidente, Serra fez mais do que ninguém pelo meio ambiente em São Paulo e, por isso, tem vantagem sobre Dilma para cooptar parte dos quase 20 milhões de votos recebidos por Marina Silva (PV), que tem o argumento ecológico como base de seu discurso.
Na mesma entrevista, FHC valorizou o fato de Dilma não ter sido eleita já no primeiro turno. "É importante para a democracia [ter segundo turno], porque põe freio à ideia de que o Lula tem uma maioria esmagadora e que aquele que tem a maioria poder fazer de tudo", afirmou.
As falar das chances de Serra, disse que houve um impacto na opinião pública que fez o PT perder votos e que essa tendência pode continuar. "Claro que não sou ingênuo e sei que não é algo fácil, mas eu acredito que ainda podemos ganhar", disse.
Questionado sobre o papel de intermediário entre Serra e Marina, atribuído a ele pelo PSDB, afirmou que ajudará o tucano em tudo o que ele pedir. No entanto, disse que é mais importante formular uma mensagem que coincida com o "estado de ânimo dos eleitores de Marina" do que negociar com o PV.
FHC voltou a criticar a atuação de Lula na campanha de Dilma e a dizer que ele "deixou de ser chefe de uma nação para ser chefe de uma facção" no período.
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