1) Mesmo que Dilma Rousseff siga sendo favorita na disputa presidencial, a campanha do 2º turno começa num contexto bem diverso do da primeira fase. Com a perda de muitos votos para Marina Silva, a candidata situacionista teve de assumir uma postura de moderação que a distinga do radicalismo do PT e de suas propostas programáticas (como as de controle da mídia e em apoio ao aborto), bem como em relação aos escândalos praticados no governo. E a necessidade de tal moderação deverá igualmente conter o radicalismo retórico do presidente Lula – em favor de parte dessas propostas e ate da “extirpação” de adversários.
2) O novo cenário mostra sensível redução do desequilíbrio político em que se travou o embate do 1º turno – produto da elevada popularidade de Lula, da ampla coligação eleitoral que ele montou, dos bons indicadores econômicos e sociais e da fragilidade da campanha de Serra. Não obstante tudo isso, na fase final desta etapa, com o salto dos índices de intenção de votos de Marina Silva a candidatura de Serra, embora sem crescimento de seus próprios índices, afirmou-se como competitiva, ajudando e beneficiando-se do vigor de campanhas oposicionistas locais no Sudeste, no Sul e em estados com forte peso do agronegócio (no Centro-Oeste e em três pequenos do Norte). O que propiciou a ele vitórias conjuntas com a obtida por essas campanhas, já no 1º turno, em Santa Catarina, no Paraná, em São Paulo, no Mato Grosso do Sul; em Minas Gerias, a somar-se ao sucesso dos candidatos aecistas, com significativa redução da distância que o separava de Dilma Rousseff; e, a chegar à frente no Mato Grosso, em Rondônia, no Acre, em Roraima.
3) O referido desequilíbrio seria mantido com a eleição de Dilma no 1º turno, e até reforçado se persistissem as tendências indicadas pelas pesquisas feitas ao longo de setembro – de maioria da candidata lulista em Santa Catarina, no Paraná e em São Paulo. O que, no plano político-partidário, ademais de desastroso para o PSDB, seria negativo também para o PMDB – tendo em vista seu papel de principal aliado não esquerdista do governo Lula e na campanha de Dilma. Pois o PT apareceria como o grande responsável por tal vitória, a ser instrumentalizada para ampliação da influência na composição e nas decisões do novo governo. Ao passo que, nos planos da política econômica e institucional, o aumento do peso do petismo favoreceria bastante a aplicação da sua receita para a gestão da (provável) sucessora de Lula, cujos ingredientes básicos foram explicitados por José Dirceu em exposição para sindicalistas feita semanas atrás em Salvador: entre outros, mais estatismo e aparelhamento partidário da máquina governamental, articulados com a adoção para valer de projetos restritivos da liberdade de imprensa.
4) O respaldo de grandes parcelas da população à corajosa ação da imprensa (na denúncia de graves e sucessivas irregularidades praticadas em órgãos do governo federal, bem como na condenação a atitudes de Lula próprias de um irado chefe de facção mas inteiramente incompatíveis com as de um presidente), esse respaldo retirou da agenda política e institucional um dos itens centrais dos objetivos esquerdistas e autoritários do petismo: o controle da mídia. E a frustração da “onda vermelha”, que liquidaria o pleito presidencial no 1º turno, reforçou o peso do PMDB e de outros partidos e lideranças não esquerdistas da base governista na batalha de Dilma no 2º turno e na composição de seu governo, se for eleita. Esse quadro não altera, de saída, o forte desequilíbrio político representado pela ampla maioria que os partidos da aliança pró-Dilma terão no Congresso. Mas tal respaldo certamente inibirá o apoio majoritário a decisões e a projetos antidemocráticos.
Jarbas de Holanda é jornalista
2) O novo cenário mostra sensível redução do desequilíbrio político em que se travou o embate do 1º turno – produto da elevada popularidade de Lula, da ampla coligação eleitoral que ele montou, dos bons indicadores econômicos e sociais e da fragilidade da campanha de Serra. Não obstante tudo isso, na fase final desta etapa, com o salto dos índices de intenção de votos de Marina Silva a candidatura de Serra, embora sem crescimento de seus próprios índices, afirmou-se como competitiva, ajudando e beneficiando-se do vigor de campanhas oposicionistas locais no Sudeste, no Sul e em estados com forte peso do agronegócio (no Centro-Oeste e em três pequenos do Norte). O que propiciou a ele vitórias conjuntas com a obtida por essas campanhas, já no 1º turno, em Santa Catarina, no Paraná, em São Paulo, no Mato Grosso do Sul; em Minas Gerias, a somar-se ao sucesso dos candidatos aecistas, com significativa redução da distância que o separava de Dilma Rousseff; e, a chegar à frente no Mato Grosso, em Rondônia, no Acre, em Roraima.
3) O referido desequilíbrio seria mantido com a eleição de Dilma no 1º turno, e até reforçado se persistissem as tendências indicadas pelas pesquisas feitas ao longo de setembro – de maioria da candidata lulista em Santa Catarina, no Paraná e em São Paulo. O que, no plano político-partidário, ademais de desastroso para o PSDB, seria negativo também para o PMDB – tendo em vista seu papel de principal aliado não esquerdista do governo Lula e na campanha de Dilma. Pois o PT apareceria como o grande responsável por tal vitória, a ser instrumentalizada para ampliação da influência na composição e nas decisões do novo governo. Ao passo que, nos planos da política econômica e institucional, o aumento do peso do petismo favoreceria bastante a aplicação da sua receita para a gestão da (provável) sucessora de Lula, cujos ingredientes básicos foram explicitados por José Dirceu em exposição para sindicalistas feita semanas atrás em Salvador: entre outros, mais estatismo e aparelhamento partidário da máquina governamental, articulados com a adoção para valer de projetos restritivos da liberdade de imprensa.
4) O respaldo de grandes parcelas da população à corajosa ação da imprensa (na denúncia de graves e sucessivas irregularidades praticadas em órgãos do governo federal, bem como na condenação a atitudes de Lula próprias de um irado chefe de facção mas inteiramente incompatíveis com as de um presidente), esse respaldo retirou da agenda política e institucional um dos itens centrais dos objetivos esquerdistas e autoritários do petismo: o controle da mídia. E a frustração da “onda vermelha”, que liquidaria o pleito presidencial no 1º turno, reforçou o peso do PMDB e de outros partidos e lideranças não esquerdistas da base governista na batalha de Dilma no 2º turno e na composição de seu governo, se for eleita. Esse quadro não altera, de saída, o forte desequilíbrio político representado pela ampla maioria que os partidos da aliança pró-Dilma terão no Congresso. Mas tal respaldo certamente inibirá o apoio majoritário a decisões e a projetos antidemocráticos.
Jarbas de Holanda é jornalista
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