terça-feira, 14 de junho de 2011

A presidente agora contradiz o que dizia na campanha eleitoral, disse Serra

Silvia Amorim e Leo Laps

SÃO PAULO e BLUMENAU (SC). O gesto da presidente Dilma Rousseff, de mandar carta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso elogiando-o por seu trabalho para conter a inflação e consolidar a democracia, foi bem visto por líderes tucanos. Para Álvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado, a carta de Dilma pode ser interpretada de duas maneiras:

-- Ela adotou uma linha totalmente diferente da percorrida pelo ex-presidente Lula, que desdenhava dos feitos anteriores. O gesto pode ser interpretado como uma tentativa de independência de Lula ou como um aceno à oposição num momento de grandes dificuldades políticas - avaliou o senador.

Para o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), o gesto marca mais uma diferença de estilo entre sucessora e antecessor:

- Lula tinha e tem enorme dificuldade de conviver com os contrários. Com esse gesto, ela mostra que deve seguir uma linha diferente - disse: - Acho que é uma deferência democrática e republicana de reconhecer os avanços no governo Fernando Henrique.

Xico Graziano, ex-deputado e assessor de FH, disse acreditar que a carta aponta para uma nova relação política:

- Vejo essa carta como um sinal de que haverá uma forma mais civilizada de relação política - afirmou.

Já o ex-governador José Serra, derrotado por Dilma na campanha eleitoral do ano passado, criticou a petista e viu contradições com o que ela afirmava durante a disputa eleitoral.

- Ela passou a campanha inteira falando que o Fernando Henrique encerrou seu governo com a economia desestabilizada. É melhor falar a verdade mais tarde que reiterar a falsidade - afirmou Serra, após palestra em Blumenau, para empresários e políticos, sobre os problemas enfrentados pelo Brasil para se desenvolver.

Serra critica os oito anos de governo Lula

O tucano também comentou as mudanças recentes no governo Dilma: a saída de Antonio Palocci (PT-SP) da Casa Civil e sua substituição por Gleisi Hoffmann (PT-PR), além da transferência de Ideli Salvatti (PT-SC) do Ministério da Pesca para o de Relações Institucionais, trocando de cadeira com Luiz Sérgio (PT-RJ):

- Ainda é cedo para avaliar se um é melhor que o outro, mas acho que as consequências não serão positivas. Falta coordenação política neste governo.

Serra voltou a dizer que não será candidato nas eleições municipais de 2012 e também admitiu que ainda deseja ser presidente da República:

- Sonho a gente não controla. Sempre continuarei sendo um ativista político.

O tucano analisou também a fundação do PSD pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que deixou o DEM:

- É uma sigla que já surge com um peso significativo.

Na palestra, Serra criticou os oito anos de governo Lula:

-Tivemos um presidente performer nos últimos anos, que divulgava um crescimento econômico que, na verdade, esteve na média de toda a América Latina - disse.

Para Serra, os dois pontos fracos do país para se impor economicamente são a baixa competitividade da indústria e a má gestão governamental de recursos e projetos:

- A indústria chinesa não é mais eficiente que a nossa no sentido produtivo, mas temos uma brutal desvantagem estrutural em relação a eles.

FONTE: O GLOBO

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