Ex-candidata verde critica "as mesmas pessoas nos mesmos cantinhos"
Flávio Freire
SÃO PAULO. Com ameaças veladas de deixar o PV, a ex-senadora Marina Silva reforçou ontem a pressão contra a direção de seu partido. Destacando o capital eleitoral obtido com seus 20 milhões de votos na eleição presidencial, Marina disse que os dirigentes devem ser renovados, numa estratégia que, indiretamente, a coloca no centro da disputa de poder entre os verdes, embora ela negue tal interesse.
Em entrevista ao "Roda Viva", da TV Cultura, afirmou que o partido não pode manter as "mesmas pessoas nos mesmos cantinhos". Sobre a possibilidade de deixar o PV, partido no qual ingressou ao sair do PT para disputar a Presidência, ela evita ser categórica. Diz que não pode permitir dentro do PV o que critica em outros partidos.
- Os mais de 20 milhões de votos são muita responsabilidade para acharmos que vão ficar (na direção) as mesmas pessoas nos mesmos cantinhos de sempre. A política envelhece quando as pessoas não são capazes de receber novas contribuições - disse ela, que vem travando uma disputa ferrenha com o grupo que atualmente lidera a sigla.
A última vez em que Marina esteve reunida com o comando do PV foi em março deste ano, na Executiva Nacional. Na ocasião, apresentou propostas como a que prevê eleição para presidente do partido sem possibilidade de reeleição.
Presidente do PV desde 1999, José Luiz Penna é contra as mudanças propostas pelo grupo de Marina - que inclui, entre outros, Fábio Feldmann, Alfredo Sirkis e Fernando Gabeira. Procurado, Penna mandou dizer que não falaria do assunto.
Questionada diretamente se há possibilidade de deixar o partido, Marina disse que prefere se manter no desafio de fazer com que o partido interaja com "órgãos vivos" da sociedade. Diante da insistência, saiu pela tangente:
- Não quero discutir prazo. O que há é o prazo da democracia, que não se resume às eleições - disse ela. - Estamos agora diante de um grande desafio: fazer por nós o que propomos aos outros. O PV tem 25 anos, conquistou avanços, mas tem comissões provisórias.
No programa, Marina fez questão de não se lançar antecipadamente à disputa eleitoral de 2014.
- Para mim não existe cadeira cativa de candidato. A eleição me ensinou que oposição por oposição é atraso na política, assim como a mentalidade de situação por situação - disse ela, num sinal claro de que sua situação partidária daqui em diante ainda não está definida.
Marina defendeu as escolhas de Gleisi Hoffmann para a Casa Civil e Ideli Salvatti para a pasta de Relações Institucionais:
- Quando são três homens no poder não há estranhamento. Se fossem três extraterrestres aí deveria ter estranhamento.
FONTE: O GLOBO
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