Ao deixar claro que não haverá crítica pública da presidente Dilma ao governo cubano, o chanceler Antonio Patriota disse que a situação no país não é emergencial: "Existem outras situações muito preocupantes, como a de Guantánamo.
Patriota: situação em Cuba não é urgente
Chanceler descarta crítica pública de Dilma aos Castro, mas indica que tema de direitos humanos será tratado em privado
Debora Berlinck
DAVOS, Suíça. Silêncio. Essa será a abordagem que a presidente Dilma Rousseff terá, na sua primeira viagem a Cuba, na semana que vem, em relação às violações de direitos humanos no país. Ontem, em Davos, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, deixou claro que não haverá manifestações públicas de crítica aos cubanos neste campo, e deu uma alfinetada nos Estados Unidos, quando disse:
- Não é uma situação que nos pareça emergencial em Cuba. Existem outras situações muito preocupantes, inclusive a situação de Guantánamo - disse, em referência à prisão onde os EUA mantêm prisioneiros suspeitos de terrorismo.
Em seu discurso de posse, Dilma disse que os direitos humanos seriam um elemento central de sua política externa. Quando um jornalista lembrou isso e questionou se não era estranho que uma presidente silenciasse em relação a Cuba - um país com sérios problemas de violação - ouviu do ministro o seguinte:
- Vamos esperar a visita dela. O silêncio pode ser para os seus ouvidos, mas não para os ouvidos dos cubanos.
Patriota disse que ele mesmo conversou sobre direitos humanos com autoridades cubanas, quando esteve em Havana preparando a visita da presidente. Mas, num ponto, ficou claro que não haverá mudança na política brasileira nesta área: a questão dos direitos humanos, segundo Patriota, não é assunto para ser debatido publicamente, por meio da imprensa. O governo Lula também justificava a ausência de críticas públicas assim:
- Resultados positivos na área de direitos humanos não se beneficiam necessariamente da veiculação pela imprensa sobre o que está sendo discutido.
Por isso mesmo, Patriota não revelou o que exatamente conversou com os cubanos sobre direitos humanos. Disse apenas:
- Existem áreas muito interessantes e trabalhamos juntos com Cuba para melhorar a situação de direitos humanos e a situação de populações vulneráveis, como os haitianos. Graças à ação dos médicos cubanos no Haiti, a epidemia de cólera foi controlada.
Para chanceler, tema deve ser discutido na ONU
Na semana passada, o preso político Wilman Villar Mendoza morreu após cerca de 50 dias de greve de fome, o que motivou uma série de críticas de países como EUA e Espanha. Na última quarta-feira, o Brasil concedeu um visto para a blogueira cubana Yoani Sánchez uma das principais vozes da oposição no país. Yoani havia lançado um apelo na internet para que a presidente brasileira intercedesse junto às autoridades cubanas para permitir que ela viesse ao Brasil participar da exibição do documentário "Conexão Cuba-Honduras", obra do cineasta Dado Galvão, na Bahia.
Sem citar especificamente o caso da blogueira, o ministro defendeu ontem a "multilateralização" dos pronunciamentos de governos em relação aos direitos humanos. Isto é: que os problemas sejam discutidos num quadro bem definido no âmbito das Nações Unidas. A mesma posição de Cuba.
- Há uma coincidência de posturas de que os pronunciamentos sobre situações de direitos humanos de países individuais devem ser multilateralizados e não devem partir de um único país, uma única fonte, sem passar pelo crivo da ONU - disse.
Passando por uma lenta abertura econômica desde que Raúl Castro substituiu seu irmão, Fidel, Cuba realiza neste fim de semana a primeira Conferência Nacional do Partido Comunista, que pode aprovar novas medidas de desestatização ou mudanças na cúpula do governo.
No início do mês, porém, Raúl minimizou a importância do encontro, afirmando que "o Congresso Nacional (que aconteceu em 2011) é definitivo", enquanto a conferência é "uma questão interna" do partido.
FONTE: O GLOBO
Um comentário:
A nossa literatura não sendo universal não promove o exercício da reflexão porém o vício da repetição. Basta comparar o IDH EDUCIONAL http://en.wikipedia.org/wiki/Education_Index , assim como a posição brasileira no que tange à mortalidade infantil entre outros IDHs, para constatar que, não obstante a ilusória pujança econômica tupiniquim, não se possui aqui também o discernimento necessário para não papaguear o sofisma imperialista de que Cuba não atenta aos direitos humanos. Direito Humano é EDUCAÇÃO E SAÚDE e isso eles tem muito a nos ensinar
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