Apesar do péssimo nível dos serviços públicos no país, a arrecadação federal chega a R$ 969,9 bilhões, um novo recorde histórico
Vera Batista
Os brasileiros nunca pagaram tanto impostos como em 2011. A cada dia do ano passado, incluindo os sábados, os domingos e os feriados, os cidadãos despejaram R$ 2,654 bilhões nos cofres do governo federal — sem contar taxas e contribuições recolhidas pelos governos estaduais e federais. Se fossem considerados apenas os 252 dias úteis, a quantia subiria para R$ 3,845 bilhões diários. Tamanho apetite do Leão, porém, não resultou em melhoria das condições de vida. O contribuinte é obrigado a conviver com sérias deficiências em todos os setores. As estradas continuam esburacadas, aumentando as estatísticas de mortes por acidente. O número de apagões foi recorde (cada habitante ficou, em média, 19 horas no escuro). Os hospitais permanecem sucateados, atendendo mal os pacientes, e o sistema educacional pede socorro.
A despeito desse quadro, a arrecadação bateu recorde no ano passado, ao somar R$ 969,907 bilhões, segundo a Receita Federal. O resultado é 10,1% superior ao registrado em 2010, que já foi considerado um destaque na história do país, com R$ 816,519 bilhões. Apenas de Imposto sobre a Renda, foram cobrados, no total, R$ 256,212 bilhões corrigidos pela inflação, numa alta de 12,65%. As receitas previdenciárias, na mesma comparação, somaram R$ 277,870 bilhões, com crescimento de 9,03%.
Apesar dos números robustos, a arrecadação ficou abaixo da expectativa de expansão de 11%. "No início de 2011, o governo adotou medidas para conter o ímpeto do consumo", justificou o secretário da Receita, Carlos Alberto Barreto. Para 2012, ele "não espera que os recursos extraordinários, de ações judiciais, superem os valores de 2011, de cerca de R$ 18 bilhões". O ano começa morno. Pelo menos janeiro terá resultado menor que o do ano anterior, influenciado pela queda de consumo em dezembro. "A arrecadação continuará crescendo, mas com menos intensidade em 2012."
Até o carnaval, o governo deve anunciar um pacote de medidas que, ao mesmo tempo, decretará uma rigorosa contenção dos gastos públicos e incentivará o consumo. "O governo precisa abrir a torneira do crédito para elevar a arrecadação e incentivar o consumo. Só assim será possível chegar à meta de crescimento da economia de 4%", destacou Eduardo Velho, economista-chefe da Corretora Prosper.
Compulsório
Como o governo já lançou mão de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados para o setor automobilístico e da linha branca, "a melhor maneira, agora, é reduzir mais o compulsório dos bancos (quantia recolhida diariamente ao Banco Central), para ampliar o acesso ao crédito".
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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