A presidente Dilma recebeu o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR), afastado na "faxina ética", com quem discutiu nome do partido para o ministério. O novo ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), prometeu resgatar imagem de Carlos Lupi
Dilma recebe presidente do PR e promete resposta sobre ministério
Presidente conversa hoje com PTB para tratar da volta do partido à Esplanada
Júnia Gama, Maria Lima e Luiza Damé
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff recebeu ontem pela manhã o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (PR-AM) - afastado em 2011 do Ministério dos Transportes após a chamada "faxina ética" da presidente - para tratar de assuntos da Zona Franca de Manaus, mas já adiantou que irá analisar os nomes do partido para ocupar um ministério na reforma em curso e que dará uma resposta terça-feira, em nova reunião com a cúpula do partido. A reunião do dia 26 terá a presença do líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho, como o próprio deputado fez questão de divulgar por meio de nota. O líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), acertou reunião com Dilma para hoje, junto com o presidente do partido, Benito Gama, para tratar da volta dos petebistas à Esplanada.
Os dirigentes do PR terão que se entender e afinar uma posição sobre os cinco candidatos ao Ministério dos Transportes, ou outro ministério - o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio também é citado. Não bastasse a briga interna, o PT também tenta influenciar na escolha do PR, indicando o senador suplente Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), para abrir vaga no Senado ao segundo suplente Paulo Frateschi, secretário de Organização do partido.
- Estou assustado com tanta fofoca! O fogo amigo está tumultuando tudo. Está todo mundo disputando uma vaga que a gente ainda nem sabe o que é. Uma hora sou eu, depois é fulano. Mas encontrei com Dilma há 15 dias, e ela me disse: chega de paulista no Ministério - disse o senador Antônio Carlos Rodrigues, que assumiu no Senado quando Marta Suplicy (PT) foi para o Ministério da Cultura.
O presidente interino do PTB, Benito Gama, confirmou a ida hoje ao Planalto. Mas nega que já esteja sendo articulada a indicação do senador João Vicente Claudino (PTB-PI) para o Ministério de Ciência e Tecnologia ou para a recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa.
Ao assumir o cargo ontem, o novo ministro do Trabalho, Manoel Dias, afirmou que a troca no comando da pasta não garante apoio do seu partido, o PDT, à reeleição da presidente Dilma. Na cerimônia, disse que vai "resgatar" a imagem do ex-ministro Carlos Lupi, afastado no final de 2011 sob suspeitas de corrupção. Aliado de primeira hora de Lupi, Dias foi nomeado por Dilma em uma tentativa de unificar o partido para o palanque de 2014, já que o antecessor no cargo, Brizola Neto (PDT-RJ), não tinha apoio do partido controlado por Carlos Lupi.
Desagravo a Carlos Lupi
Manoel Dias afirmou que o ex-ministro foi vítima de "injusta campanha" e confirmou que Paulo Roberto Pinto, ex secretário-executivo da gestão de Lupi, voltará a ocupar a função.
- O tempo é o senhor da razão, a população vai ver que ele foi um bom ministro. O Lupi é presidente do meu partido, eu não posso deixar de ser fiel a ele nem negar minha amizade porque alguém acha que ele errou. Eu acho que ele não errou, acho que ele sofre uma injustiça e uma discriminação muito grande. Não tem processo nem nada contra ele - disse Manoel Dias, salientando que a aliança com o PT em 2014 não é automática: - Estamos no governo hoje em decorrência do apoio à presidente nas eleições passadas; 2014 é outra eleição. Se nosso partido se sentir atendido, e nós pudermos implementar as políticas públicas que defendemos, isso pode, de repente, sinalizar o apoio à presidente.
O líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), reforçou:
- A ida de Dias para o ministério não foi condicionada ao apoio à reeleição. O que aconteceu foi que a presidente Dilma resolveu dialogar com o PDT, porque antes esse diálogo não existia.
Prova de que o partido não está pacificado foi a ausência de Brizola Neto e Carlos Lupi na cerimônia. Hoje, o PDT realiza sua convenção nacional, em Luziânia (GO), onde deve reconduzir Lupi à presidência. O grupo de Brizola não conseguiu os 30% de votos para lançar uma chapa de oposição.
Fonte: O Globo
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