Após encontro com governador, tucano afirma que presença dele na disputa seria boa 'para o Brasil e para a política'
Aproximação ocorre no momento em que a cúpula do PSDB tenta viabilizar Aécio Neves, desafeto de Serra
Daniela Lima
SÃO PAULO - Um dos principais nomes do PSDB, o ex-governador José Serra disse ontem à Folha que a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República nas eleições de 2014 seria "boa para o Brasil e boa para a política".
Serra, que tem evitado discutir em público o cenário político nacional e concorreu duas vezes ao Planalto por seu partido, deu a declaração ao confirmar que se reuniu com Campos na última sexta-feira, em sua casa, na capital paulista. O encontro foi revelado pela colunista da Folha Eliane Cantanhêde.
A assessoria de Campos disse que se tratou de "uma conversa sobre o Brasil". A versão do ex-governador de São Paulo vai na mesma linha. "Foi uma conversa cordial sobre o Brasil, a política e a economia", disse Serra.
O tucano negou que, durante o encontro, Campos tenha falado sobre sua candidatura presidencial ou discutido alianças eleitorais.
Serra disse que, "apesar do distanciamento político", foi muito amigo do avô de Campos, o governador Miguel Arraes (1916-2005), e que recebeu abrigo da família em Paris na ditadura militar, quando os dois estavam exilados.
A aproximação de Serra e Campos ocorre num momento em que a cúpula do PSDB trabalha para viabilizar a candidatura do senador mineiro Aécio Neves. Seus aliados veem como maior obstáculo ao projeto a falta de unidade na sigla em torno do senador.
Serra e Aécio são desafetos. Eles se encontraram na última segunda-feira em São Paulo, mas a conversa resultou apenas no acerto de um novo encontro, em abril. Aécio chega hoje a São Paulo para uma nova rodada de conversas com líderes tucanos.
Presidente nacional do PSB, Eduardo Campos ainda não admite ser candidato à Presidência, mas dá cada vez mais sinais de que vai concorrer contra Dilma Rousseff.
O PSB é parte da coalizão que sustenta o governo Dilma, mas nos últimos meses Campos criticou publicamente a condução da economia. Um dia antes do encontro com Serra, num jantar com empresários, Campos disse que dá para fazer "muito mais" que o atual governo.
Às críticas à política econômica se somaram movimentos de aproximação com a oposição. O pernambucano já esteve com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e mantém conversas frequentes com o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE). Campos também despertou a simpatia de alas do DEM.
Os acenos de Campos a esses setores perturbam aliados de Aécio. Eles temem eventual divisão na oposição, o que poderia fragilizar o mineiro.
Segundo tucanos próximos a Serra, ele tem dito que Campos não prejudica o PSDB, porque ajudaria a tirar votos de Dilma e forçar a realização de um segundo turno nas eleições presidenciais. Alckmin concorda com essa avaliação.
Fonte: Folha de S. Paulo
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