A "agenda positiva" do Congresso, que reuniu governadores e depois prefeitos para discutir finanças, evaporou. O que prevalece é a "agenda negativa" de sempre.
O pastor Feliciano, aquele que tem processos, que faz "brincadeiras" racistas e homofóbicas e que irritou a opinião pública nacional, continuava até ontem, impassível, na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Nessa condição, até embaixador estrangeiro recebeu.
O presidente da Câmara, Henrique Alves, tentou botar o partido de Feliciano, o PSC, contra a parede: "Virou um clima de radicalização. Essa Casa tem que primar pelo equilíbrio, pela serenidade, pela objetividade, pelo trabalho parlamentar. Do jeito que está, se tornou insustentável", declarou. Mas não estava dando certo.
Enquanto isso, em vez de "primar pelo equilíbrio, pela serenidade, pela objetividade", a Câmara tratava de recuperar rapidamente os tostões perdidos com o fim, em parte, do 14º e do 15º salários dos parlamentares --além de compensar as recentes mexidas nas horas extras.
De um lado, os deputados aumentavam a cota de atividades parlamentares --ou seja, a cota deles próprios.
De outro, articulavam a criação de 44 novos cargos comissionados (não bastassem os quase 1.500 existentes, segundo o deputado Chico Alencar) e mais 15 funções especiais para servidores de carreira (não bastassem os mais de 10 mil servidores em gabinetes e lideranças, idem).
Basta uma simples máquina de calcular, dessas de somar, diminuir, multiplicar e dividir, para chegar ao resultado desanimador: aquele oba-oba todo do fim do 14º e do 15º foi só para ganhar manchetes e criar ilusões. As despesas continuam, com novos nomes e variados destinos. Tudo, no fundo, fica na mesma.
Quando surgiu a dúvida sobre o que fazer da "sobra" do 15º deste ano, Henrique Alves reagiu: "Não sei. Taí uma boa pergunta". Agora ele sabe, nós sabemos. A resposta da Câmara veio bem rápida.
Fonte: Folha de S. Paulo
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