Os pessedistas se preparam para lançar candidatos ao governo de vários estados, inclusive Kassab em São Paulo, de forma a consolidar o partido. Para isso, vão precisar de um suporte que não atrapalhe seus planos. É aí que entra a parceira Dilma
De passagem por Brasília esta semana, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab comentou com amigos muito reservadamente que pretende concorrer ao governo paulista. A principal justificativa é a velha máxima de que “time que não joga não tem torcida”. Logo, partido que não concorre, não divulga projeto e nem conquista eleitores. Empatado com o PSDB em número de deputados, o PSD se define hoje como a terceira força política do país. Tem raízes no campo, conversa bem com o PSB de Eduardo Campos, mas, para continuar firme no objetivo de se firmar como jogador que tem um diferencial na hora do campeonato, vai continuar com a presidente Dilma Rousseff, em 2014.
Até o momento, seis diretórios do partido já fecharam apoio a presidente, como informa a edição de hoje do Correio: Ceará, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Bahia e Rio Grande do Norte. A ideia da cúpula partidária é fechar todos os estados até o fim do ano, a fim de se apresentar numa convenção nacional como um dos primeiros a fechar formalmente o apoio à reeleição da presidente.
Esse entusiasmo todo do PSD com Dilma traz embutido um projeto de poder. Os pessedistas se preparam para lançar candidatos a governos estaduais em vários estados, de forma a consolidar o partido. Tanto é que Kassab pretende sair candidato para servir de inspiração aos demais. E esses candidatos precisarão de um suporte, ou, pelo menos, de alguém que não atrapalhe seus planos. É aí que entra a parceira Dilma.
O cálculo do PSD é que, como parceiro de primeira hora da reeleição da presidente Dilma Rousseff, ela não poderá negar presença nos palanques desses candidatos do PSD pelo país afora, tampouco aquela famosa foto do santinho eleitoral. Ainda que esses candidatos sejam adversários do PT, reza a norma da boa convivência que Dilma circule com petistas e aliados. E, assim, Kassab pretende usar o PT para mostrar seu partido.
Um exemplo dessa necessidade de boa convivência está em Santa Catarina. O governador Raimundo Colombo, hoje no PSD, é candidato à reeleição e aliado da presidente. Logo, Dilma não poderá se dar ao luxo de permanecer apenas ao lado dos petistas liderados pela ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. O mesmo vale para São Paulo, onde o PT investirá pesado para tomar um nicho de poder tucano, hoje encarnado na figura do governador Geraldo Alckmin.
Enquanto isso, no PT…
Resta saber se os cálculos do PSD vão se confirmar. Conforme dissemos aqui, ontem, a convivência de palanques será o grande teste do PT. Em 2010, os aliados que tentaram essa dupla personalidade da candidata tiveram dificuldade. O exemplo mais notório foi na Bahia. Lá, o então ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, calculou que haveria uma neutralidade de Dilma na campanha, uma vez que ele era aliado. Não deu certo. Os eventos de Geddel com Dilma careciam de emoção e eram todos meio clandestinos. Enquanto isso, a campanha dela com o petista Jaques Wagner era alegre e cheia de energia. Uma questão de afinidade, obviamente, não só de Dilma, muito maior com o seu partido, o PT, do que com qualquer outra agremiação. Veremos como será logo ali.
E o PR, hein…
Frustrada a expectativa do PR de resolver seu espaço no governo esta semana. Assim, Dilma vai cumprindo o script de que, popular, sempre pode ter mais calma para ceder aos aliados, avaliando todos os reflexos de suas atitudes. Agora, tem pelo menos até terça-feira para pensar. Da parte do PR, o roteiro está pronto, a bancada apresentará o nome do deputado Luciano Castro, de Roraima, como o único de consenso.
E o PMDB…
O partido do vice-presidente Michel Temer está contente com a Secretaria de Aviação Civil (SAC) nas mãos de Wellington Moreira Franco, mas reinvidica ainda a Infraero, que continua no lusco-fusco entre o Ministério da Defesa e a SAC. O PMDB deseja, pelo menos, um pedaço da estatal. Até nesses pontos, o PSD promete ser diferente. Kassab tem dito a amigos que, na hora de entrar institucionalmente num hipotético segundo governo Dilma, ela poderá escolher quem quiser para o posto considerar importante. Fica aí escrito para ser cobrado depois.
Fonte: Correio Braziliense
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