Na média dos 4 anos, país ficou no meio entre os mais e menos afetados
Apesar da quase estagnação de 2012, desemprego baixo e programas sociais suavizam impactos
Gustavo Patu
BRASÍLIA - Completado um quadriênio sob efeitos de crises no mundo desenvolvido, o crescimento econômico do Brasil sofreu uma perda de 41% na comparação com os quatro anos anteriores.
Com a recém-divulgada expansão de apenas 0,9% em 2012, o Produto Interno Bruto contabiliza um avanço médio de 2,7% anuais desde 2009, modesto para os padrões e necessidades das economias emergentes.
Já entre 2005 e 2008, vivia-se o período de maior bonança nacional em tempos de inflação sob controle, com crescimento médio de 4,6% ao ano -vigoroso o bastante para que o governo considerasse o país imune às turbulências externas.
No final daquele período, quando a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers precipitava o início de uma recessão mundial, a administração petista minimizava o impacto doméstico do novo cenário global.
Na metáfora do então presidente Lula, o tsunami enfrentado pelos Estados Unidos chegaria ao Brasil como uma "marolinha". Para a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, seria uma "pequenininha gripe".
Mas, se de fato não passou por uma retração econômica dramática, o Brasil esteve longe de ser, como divulgava a propaganda oficial, o último país a entrar e o primeiro a sair da crise.
Levantamento feito pela Folha mostra que o país ocupa uma posição intermediária entre os mais e menos afetados pela conjuntura internacional adversa -que, do estouro de uma bolha imobiliária nos EUA, desaguou em um impasse de endividamento público na zona do euro.
Consideradas as principais economias do mundo, reunidas no G-20, nove países e a União Europeia passaram por perdas de crescimento econômico mais agudas que a brasileira; nessa lista, o PIB encolheu na Itália, no Reino Unido e na UE no geral.
Outros nove países sofreram menos que o Brasil, na comparação entre o quadriênio da crise e os quatro anos anteriores. No entanto, apenas dois, Arábia Saudita e Indonésia, não experimentaram uma desaceleração de um período para o outro.
Previsivelmente, o mundo desenvolvido foi mais abalado, incluindo europeus, EUA e Japão. Os mais resistentes são os emergentes asiáticos, que englobam ainda a China e a Índia, além da Coreia do Sul -que, para parte dos analistas, já está entre as economias avançadas.
Para o Brasil, a consequência negativa mais palpável da nova conjuntura global foi a interrupção da escalada dos preços das commodities, ou seja, dos produtos primários de exportação como soja e minério de ferro.
Antes de marolinhas ou tsunamis, o país surfava no boom das commodities, que sustentava recordes sucessivos das exportações e dava impulso ao crescimento da produção e da renda.
Apesar da quase estagnação do último ano, a economia brasileira mantém taxas de desemprego em patamares historicamente baixos, que, com a ajuda de programas sociais, suavizam os impactos adversos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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