O resultado representa a pior marca desde 2009, quando houve queda de 0,3%. Afora a recente recessão, 2012 representa o pior resultado para o PIB brasileiro desde 1999, quando a economia cresceu 0,3%.
Até agora, nos seu primeiro biênio no comando do país, Dilma conseguiu produzir apenas o pior resultado para um início de gestão desde Fernando Collor de Mello (-1,66% entre 1990 e 1991). Na média, o Brasil da petista cresceu 1,8% anual nos últimos dois anos. Um vexame.
Para mensurar o desempenho da presidente nestes dois anos, vale compará-lo com algumas outras economias. A média da América Latina em 2011 e 2012 foi de 3,8%; do Chile, de 5,4%; do Peru, de 6,5%; e da Colômbia, de 5,1%, apenas para ficar em alguns exemplos, levantados por Samuel Pessôa. Só ganhamos do Paraguai, cuja média foi 1,4%. Um espanto.
O Brasil também cresceu abaixo da metade da média mundial (2,1%) em 2012, de acordo com a Economist Intelligence Unit. A média das economias em desenvolvimento também foi maior (2,6%) que a nossa. Segundo o FMI, estamos cabeça a cabeça com a Alemanha, que mal saiu de uma severa crise, e só não perdemos para algumas das economias naufragadas da União Europeia, como Itália, Portugal e Espanha, mergulhadas em recessão.
Resta claro que a culpa pelo nosso mau desempenho não é do resto do mundo. As razões estão no próprio país. Há graves entraves ao aumento da oferta, em especial de mão de obra e de logística. Além disso, instaurou-se uma séria desconfiança entre os investidores acerca do clima econômico no Brasil, minado pelas intempestivas intervenções do governo do PT.
Cada cidadão sofre as consequências na pele. Em termos per capita, o IBGE confirmou nesta manhã que o PIB do país praticamente não cresceu no ano passado: a alta foi de mero 0,1%. Isso significa que não houve ganhos para a população brasileira em 2012. Estagnamos.
O IBGE mostrou que só o setor de serviços não caiu em 2012. A agropecuária recuou 2,3% e a indústria teve queda de 0,8%. Com isso, a indústria da transformação consolidou sua trajetória rumo ao passado e ao fundo do buraco. Sua participação no PIB baixou a 13,3%, percentual só visto à época do governo Juscelino Kubitschek - vale ter ciência que, apenas oito anos atrás, em 2004, representava 19,2% e desde então só mergulhou.
Outra decepção foram os investimentos: baixa de 4% no ano (um alívio, pelo menos, foi a interrupção da queda trimestral, após quatro recuos seguidos). Com isso, a taxa de investimento voltou a cair e fechou em 18,1% do PIB no ano passado, ante 19,3% em 2011. A taxa de poupança também diminuiu de 17,2% do PIB para 14,8%.
Como a principal engrenagem econômica - a produção de máquinas e equipamentos - está travada, a perspectiva futura fica mais complicada e sombria. A economia brasileira fechou o ano crescendo 2,4% na margem (quando se considera o desempenho do quarto trimestre em comparação com o terceiro). Vai ter que acelerar para chegar, no mínimo, aos 3,1% que os analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central atualmente projetam.
O resultado conhecido nesta manhã também joga uma pá de cal na credibilidade das previsões oficiais. A presidente e sua equipe econômica iniciaram o ano passado prometendo crescimento de 3,5% para a economia. Em junho de 2012, Guido Mantega chegou a fazer pilheria da previsão de um banco que antevia expansão de 1,6% para o nosso PIB, mas o que era "piada" virou sonho inalcançado.
O PIB de 2012 escancara a incapacidade que o governo petista tem demonstrado para levar o país adiante e fazer a economia avançar num nível minimamente necessário para garantir o conforto da população. Indica, ainda, que não basta apenas turbinar o consumo, quando os motores da expansão da oferta rateiam. Diagnósticos equivocados estão nos conduzindo a becos sem saída. Dilma Rousseff agora diz que vai entregar um "pibão" aos brasileiros neste ano. É torcer para que ele não despenque sobre nossas cabeças.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
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