Embora o PT tenha rompido a aliança com o prefeito Marcio Lacerda, filiados e pessoas ligadas ao partido ainda têm assento em cargos de confiança e estratégicos na PBH
Leonardo Augusto
Tão longe, tão perto. O PT permanece forte na Prefeitura de Belo Horizonte apesar de o partido ter rompido com o governo de Marcio Lacerda (PSB) há nove meses. Integrantes da legenda e ex-filiados que chegaram a fazer campanha para candidatos do ex-partido ocupam postos em pastas como a Secretaria Municipal de Educação, BHTrans e Regional Oeste. Parte é concursada e acumula cargos de confiança. Depois de sobreviverem ao primeiro corte de petistas realizado por Lacerda logo depois do fim da aliança entre as duas legendas, a tendência é que continuem na prefeitura mesmo depois da reforma do secretariado realizada pelo prefeito para seu segundo mandato.
Na BHTrans, empresa pública municipal que gerencia o trânsito da capital, a diretoria mais estratégica da estatal, a de Atendimento e Informação, está sob o comando de Jussara Bellavinha, mulher de um dos fundadores do PT em Belo Horizonte, o ex-vereador na cidade e ex-presidente da própria BHTrans, Carlão Pereira. O ex-parlamentar concluiu o mandato mais recente na Câmara em 2008 e não se candidatou novamente por divergências com o comando da legenda. Porém, não abandonou a vida partidária. Nas eleições municipais do ano passado, participou da campanha do colega de partido Durval Ângelo à Prefeitura de Contagem.
A BHTrans abriga ainda outro aliado de Carlão, Wellington Leal Pereira, gerente de Controle das Permissões. Entre as tarefas do setor está a emissão de placas para táxis. O indicado tem relações ainda com o deputado federal Gabriel Guimarães (PT) e seu pai, o ex-deputado federal Virgílio Guimarães (PT). Além do posto na BHTrans, a família é responsável pela indicação de Neusa Fonseca na Regional Oeste, que já estava no cargo no mandato anterior de Lacerda. Com status de secretária, Neusa, que é sogra de Gabriel, se desfiliou do PT também na primeira administração do prefeito.
Rastro petista também na Secretaria Municipal de Educação. O secretário-adjunto da pasta, Afonso Celso Renan Barbosa, que chegou a ser secretário interino, também já deixou o partido. No entanto, em 2010 fez campanha para o ex-vereador Paulo Lamac (PT), na disputa por vaga na Assembleia Legislativa, ajudando o amigo a se eleger.
Técnico. Na avaliação do presidente municipal do PSB, João Marcos Grossi, não há dificuldades no trabalho com os petistas. "O partido ficou 20 anos na prefeitura e é natural que muitos continuem, seja em cargos de confiança ou por terem feito concurso. Quem tinha vida partidária mais intensa já saiu. Os que continuam fazem um bom trabalho técnico", afirma. Outro ex-petista que segue no governo, Saulo Luiz Amaral, ouvidor do município, chegou a ser coordenador de campanha do comitê de voluntários do partido de João Marcos nas eleições do ano passado. A entrada de Saulo na prefeitura ocorreu por conta do grupo político do ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), hoje ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Os aliados do ministro mantêm ainda na prefeitura Carina Araújo Paiva, mulher de Paulo Moura, presidente da Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel) nos governos de Pimentel e também de Marcio Lacerda. Carina responde pelo Departamento de Educação Ambiental e Gestão do Parque Ecológico Francisco Lins do Rego.
Para o presidente municipal do PT de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, os colegas e ex-colegas de partido permanecem em cargos na prefeitura porque Lacerda não conseguiria quadros com competência semelhante entre os partidos aliados. "Se forem substituídos, cai a qualidade do serviço", disse. No PSDB, uma das legendas que apoiaram a reeleição de Lacerda e que brigam para aumentar o espaço na prefeitura, a análise feita é que os petistas atualmente no governo tendem a permanecer nos cargos. "Não haverá caça às bruxas", acredita um tucano.
Fonte: Estado de Minas
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