2014 - Eduardo vai a Brasília para anúncio de novas obras do PAC por Dilma: será primeira reunião após aumento das tensões entre os aliados
Débora Duque
No ápice das ressalvas públicas que tem dirigido à política econômica do governo federal e do aumento dos rumores sobre seu rompimento com o PT, o governador Eduardo Campos (PSB) mudou, às pressas, sua agenda administrativa para acompanhar um evento que terá como anfitriã a presidente Dilma Rousseff (PT), em Brasília. Oficialmente, trata-se de uma reunião geral que a presidente fará, às 11h, com governadores e prefeitos para anunciar novos recursos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Existe a expectativa, porém, de que à tarde Eduardo converse a sós com Dilma e coloque na mesa não só temas políticos como a polêmica sobre a MP dos Portos.
Embora já estivesse previsto o encontro da presidente com governadores, Eduardo, até ontem, não estava programado para ir à Brasília. Hoje, por exemplo, ele deveria participar da primeira reunião de monitoramento de sua gestão neste ano, o que reforça a versão de que ele está atendendo a um "chamado" que ultrapassa a pauta oficial da presidente.
O socialista viajou na noite de ontem junto com o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), e os secretários Danilo Cabral (Cidades), Márcio Stefanni (Desenvolvimento Econômico) e Evaldo Costa (Imprensa). Eles prestigiarão o anúncio sobre novos investimentos do PAC nas áreas de habitação, saneamento e mobilidade.
Caso seja confirmado o encontro reservado com Dilma, o governador deve discutir os pontos que considera conflituosos na medida provisória editada pelo governo federal para regulamentar o setor portuário do País. Nos últimos 15 dias, ele queixou-se publicamente, em duas ocasiões, da falta de diálogo do Planalto sobre o tema. Seu incômodo com a MP dos Portos está relacionado à perda de autonomia do Executivo estadual sobre os processos de licitação e arrendamento no porto de Suape.
Embora as alterações propostas na MP atinjam todos os portos do País, sua discussão ganhou contornos políticos. A medida tocou num ponto sensível à gestão do governador em Pernambuco - Suape - num momento em que cresce o clima de desconfiança do PT em relação ao possível projeto presidencial de Eduardo. Na semana passada, lideranças do PSB acusaram o ex-presidente Lula (PT) de utilizar o ex-ministro Ciro Gomes (PSB) para "emparedar" Eduardo e forçá-lo a antecipar o rompimento com o governo federal. Em reação ao que foi considerado por socialistas como uma "ingerência" do ex-presidente, o governador chegou a declarar que seu partido trabalha em "fuso horário" próprio, sem negar suas pretensões presidenciais.
Dilma, por sua vez, tem buscado ampliar sua inserção no Nordeste, área sob a influência de Eduardo. Na segunda-feira (3), ela desembarcou na Paraíba, onde ouviu elogios do governador Ricardo Coutinho (PSB). Foi a segunda visita que fez à região em menos de um mês. Sua vinda a Pernambuco, porém, segue pendente.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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