A cúpula do governo Dilma tem uma visão míope sobre a batalha da MP dos Portos. Credita, corretamente, a responsabilidade pela confusão no Congresso a um conflito de interesses empresariais, mas rejeita, equivocadamente, críticas de que sua articulação política esteja falhando no processo.
De fato, a medida provisória que abre o setor de portos gerou uma guerra comercial. Empresários com concessões em portos públicos operam para travar a aprovação da MP. Contam com o apoio de deputados na tarefa de afundar a proposta.
Dentro do governo, comenta-se que essa é uma parceria para render frutos nas eleições. Congressistas estariam trabalhando a favor de empresários contrários à MP com a promessa de financiamento eleitoral.
Não há como provar tais acusações, que são feitas sem provas. Mas essa é uma prática bem comum dentro do Congresso. Parlamentares defendem interesses empresariais em troca de recursos de campanha.
Por outro lado, há algo de errado na articulação política que o Palácio do Planalto não quer admitir. Afinal, era para ser diferente. Neste ano, Dilma se entregou ao balcão de negócios partidário. Distribuiu ministérios e acatou pedidos do PMDB, PDT, PR e do novo aliado PSD.
Mesmo assim, foi alvo na semana passada de uma rebelião na Câmara, que põe em risco sua reforma portuária. Sinal de que as benesses distribuídas às cúpulas partidárias não estão chegando à base.
Deputados e senadores aliados se queixam de não serem chamados para viagens presidenciais, de não serem convidados por ministros para cerimônias em seus Estados e querem a grana de suas emendas.
O Planalto insiste que o conflito de interesses é o que trava a MP e que, se ela for debatida no plenário, será aprovada. A conferir. Como seguro morreu de velho, a ordem palaciana é melhorar o atendimento aos aliados. Nesta semana descobriremos o que rendeu mais frutos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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