Nos próximos dias, o mundo da política poderá averiguar as suspeitas de muitos integrantes da base diante da queda de braço entre governo e partidos. A primeira delas é a de que tudo o que tem sido feito pelos aliados no sentido de impor dissabores ao governo tem o objetivo de deixar claro ao PT que não é com Dilma Rousseff que grande parte das agremiações governistas deseja seguir em 2014. Portanto, estaria na hora de deixá-la constrangida, ao ponto de "pedir para sair".
Os políticos veem Dilma como quem cumpre uma missão e não tem essa vaidade de concorrer a mais um mandato. Para completar, ela não tem o jeitão de Lula, tão afável que fazia o jogo do PT e os aliados ficavam sorrindo, achando que o então presidente funcionava como um meio-campo, distribuindo jogo para os todos os partidos. Dilma, na avaliação de muitos, não faz nem o jogo do PT nem o dos demais agregados ao governo. Daí, a ideia de balançar a árvore para ver se ela despenca diante da paralisia nas votações.
O programa que os petistas levaram ao ar na semana passada deixa claro que o nome é Dilma, mas sabe como é político. Quando deseja corroborar a própria tese, tudo vira desculpa. Nesse sentido, o fato de o marqueteiro João Santana ter colocado Dilma e Lula num jogral em que os dois quase se fundiam ajudou a reforçar a tese de que a candidatura de Dilma ainda balança nas hostes do partido. Isso porque, ao colocar um e outro no mesmo patamar, os petistas abrem a hipótese de seguir com Lula logo ali, apesar de o próprio ex-presidente ter dito com todas as letras que Dilma é o nome do partido para daqui a um ano.
O "volta, Lula" que soa nos bastidores tem a vantagem política de fazer retrair a pré-campanha do presidente do PSB, Eduardo Campos, e acalmar os ânimos dos que desejam seguir com ele, mas não é tão fácil assim como pensam alguns. Afinal, Dilma tem uma popularidade estrondosa. Maior que a do próprio Lula, conforme apontam as pesquisas. Hoje, ela agrega fatias do eleitorado que o PT ainda não havia alcançado. Logo, tirar dela a possibilidade de concorrer a um segundo mandato não é tarefa simples.
Além disso, há outros problemas. Dilma foi chamada em 2005 para a Casa Civil e acabou virando candidata porque estava completamente fora do chamado mensalão. A imagem da presidente é considerada sinônimo de credibilidade, sem máculas do ponto de vista ético. Lula, embora seja sinônimo de voto certo, teria que passar a campanha dando explicações sobre tudo aquilo que tentam lhe imputar ao longo dos últimos oito anos — temas que vão desde o mensalão até o caso envolvendo a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha.
Cabe ao PT decidir se prossegue com Dilma ou opta por Lula, o ex-presidente que, conforme asseguram os mais fiéis escudeiros, não pretende disputar um terceiro mandato nessas condições de que "afastou" Dilma. A emenda, obviamente, corre o risco de sair pior do que o soneto. Mas é certo que ele voltará à cena de forma mais intensa ao longo dos próximos dias. Nem que seja para acalmar os afoitos.
Enquanto isso, no meio diplomático...
Os diplomatas começam a achar que o Brasil tem um "copresidente". É assim que muitos deles se referem ao antecessor de Dilma. Essa visão foi reforçada depois que os brasileiros cancelaram a visita do presidente do Egito, Mouhamed Mursi, ao Congresso Nacional. Tudo para não deixar Lula esperando. É... Depois o PT quer que todos acreditem na recandidatura de Dilma, sem retorno algum.
E no Congresso Nacional...
A aposta dos partidos é a de que hoje não se vota a Medida Provisória dos Portos. Tudo para a MP cair. No foco, ainda a crise entre Eduardo Cunha e Anthony Garotinho. O Dia das Mães ontem deu uma pausa, mas hoje volta a guerra. E Dilma que tente dormir com um barulho desses...
Fonte: Correio Braziliense
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