Manifestantes tentaram bloquear via. Batalhão de Choque usou bombas de borracha e gás
Francisco Edson Alves e Raphael Bittencourt
RIO - No fim da manifestação contra o aumento da tarifa dos ônibus em Niterói, um pequeno grupo de estudantes, a exemplo do que aconteceu na Avenida Presidente Vargas nesta quinta-feira no Rio, ainda insistiu em fechar a Avenida Rio Branco, que fica em frente ao Terminal Rodoviário João Goulart. PMs do Batalhão de Choque avançaram e dispararam bombas de borracha e gás. Helicópteros também sobrevoaram a área.
Um homem ainda não identificado que estava mais exaltado foi retirado da manifestação pelos policiais, mas não foi detido. Ainda não há informações sobre feridos. Neste momento, a via está sendo liberada gradativamente. O comércio nos arredores fechou as portas por conta do incidente.
Em nota, a Prefeitura de Niterói informou que designou uma comissão especial para dialogar com os protestantes na sede do órgão. No entanto, homens do Choque bloquearam a passagem dos ativistas no local. A Prefeitura informou ainda que "considera democrático manifestações pacíficas que defendam causas sociais e estará permanentemente aberta ao diálogo na busca de soluções para os problemas municipais".
"Manifestantes estão dando o recado deles", diz comandante da PM
Dentro do possível, a manifestação está pacífica e os manifestantes estão dando o recado deles", disse o comandante do 12º BPM (Niterói), André Belloni, sobre o protesto em Niterói por conta do aumento das passagens de ônibus.
Ele também afirmou que trânsito ficou complicado por conta da passeata, que começou no final da tarde desta sexta-feira, na Praça Araribóia, em frente à estação das Barcas S.A.
De acordo com a PM, aproximadamente três mil pessoas marcharam no protesto.Por volta das 19h15, um grupo de 30 pessoas invadiu a varanda da Câmara Municipal, também na Avenida Amaral Peixoto. Uma bomba explodiu em frente ao local e causou um princípio de tumulto.
Manifestantes acusaram um PM do Batalhão de Choque, que ficou prostado em frente à Prefeitura. "O homem jogou a bomba e saiu gritando que era capitão", disse Rodrigo Azevedo, publicitário.
Mistura de política e romance dá charme especial ao movimento
Num movimento em que a maioria dos manifestante é jovem, são comuns as histórias de casais que militam juntos. É o caso de Pedro Coutinho, 15 anos, e Ana Carolina Sousa Lima, 18, estudantes de colégios estaduais. Eles se conheceram em uma outra passeata Niterói. “É bom participarmos juntos da política”, disse Pedro.
Os estudantes Moretson Costa Mattos Filho, 19 anos, e Bianca Ramos da Costa, 20, que se conheceram na Passeata da Paz, no ano passado, em Niterói, fizeram nesta sexta seu segundo protesto juntos. Bianca empunhava um cartaz com as frase ‘Saímos do facebook’. “Já estava na hora de irmos para as ruas”, explicou Bianca.
O casal Marina Azeredo, estudante de Geografia, e Antonio Silva, professor da disciplina, foi com a filha de 4 anos. Marina alegou que era importante levar a menina para incentivar a cidadania nela. Já o professor acredita que os protestos se repetirão: “Este modelo de transporte chegou ao esgotamento.”
Tarifa aumentou sábado
Sábado passado, a tarifa dos ônibus foi unificada no município. As de R$ 3,05 baixaram para R$ 2,95 e as que eram R$ 2,75 subiram para R$ 2,95.
A alegação da prefeitura é de que a redução da passagem de R$ 3,05 diz respeito aos ônibus com ar condicionado, enquanto o aumento de 2,95 é para veículos que não têm ar.
Algumas ruas estão fechadas e da janela dos prédios, pessoas estão jogando papéis picados em apoio à manifestação. Não houve registro de nenhuma agressão, nem ataque aos ônibus da cidade.
'Discurso da prefeitura não convence', diz manifestante
"O discurso de unificação da prefeitura não nos convence, pois 85% da frota de ônibus de Niterói não tem ar-condicionado", justificou Rodrigo Teixeira, 29 anos, professor integrante do movimento Niterói Contra o Aumento.
Segundo Rodrigo, a orientação é para que a manifestação seja pacífica, sem atos de vandalismo como ocorreram nesta quinta-feira no fim do protesto no Rio.
De acordo com o comandante do 12º BPM, cerca de 100 PMs foram mobilizados para acompanhar a manifestação, que depois do ato na Praça Arariboía, seguiu em caminhada até a prefeitura.
No Rio e São Paulo, vários jornalistas ficam feridos
No Rio, o cinegrafista Ulisses Fontes, que presta serviço ao SBT, foi atingido na perna por bala de borracha quinta-feira, mas passa bem. Ele segurava a câmera e usava colete identificando-o como repórter.
Em São Paulo, pelo menos 15 jornalistas foram feridos. O caso mais grave é do fotógrafo Sérgio Silva, da Futura Press, atingido no olho por bala de borracha. A Federação Nacional dos Jornalistas publicou nota de repúdio.
“São inadmissíveis as agressões e prisões de jornalistas no exercício de suas funções”, disse a nota que cobra punição aos responsáveis.
Nesta sexta-feira, novo protesto em São Paulo interditou parte da Av. Paulista. Cerca de 200 pessoas protestavam contra gastos públicos para a Copa de 2014.
Jovem quer ir às próximas manifestações com capacete
O estudante Philippe Brissant de Andrade Lima, 19 anos, foi atingido por bala de borracha e criticou a ação policial na manifestação da polícia no Centro do Rio. Ele contou que estava sentado quando ouviu tiros e viu pessoas correndo.
“Ao levantar fui atingido. Fiquei tonto, e tudo ficou escuro”, disse ele, que pretende participar de outras manifestações de capacete.
Nesta sexta-feira, funcionários limpavam e consertavam o que foi depredado no protesto. A fachada da Alerj, que foi pichada, ficou limpa cedo.
A Alerj emitiu uma nota repudiando ‘o vandalismo, em particular aqueles que atentam contra o patrimônio histórico e público’. O prédio do Banco Central teve sua portaria principal fechada para reparos nos vidros quebrados.
Colaborou Mozer Lopes, Tamyres Matos e Joyce Caetano
Fonte: O Dia (RJ)
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