- Folha de S. Paulo
Entramos na reta final da eleição presidencial. Nos trinta e poucos dias que antecedem o pleito, quando boa parte do eleitorado ainda vai definir, de fato, seu voto. Tem suas preferências, mas pode alterá-las ao sabor do vento.
O de hoje sopra a favor de Marina Silva (PSB). Está mais para um vendaval, derrubando tucanos em pleno voo e causando turbulências insuportáveis numa viagem que os petistas imaginavam segura.
A ordem no quintal petista é manter o sangue frio, mas a roupa suja já começou a ser lavada. Subiu o tom das críticas internas à presidente Dilma Rousseff e seus estrategistas.
A cada pesquisa, o eleitorado renovava e aumentava seu desejo por mudanças. Já a campanha dilmista ficava presa a dar uma lavada no velho enxoval e vendê-lo como produto de primeiríssima qualidade.
Estratégia fadada ao fracasso, na visão de um petista graúdo, até num segundo turno contra Aécio Neves. Sem falar na resistência de Dilma em acatar os conselhos de Lula para admitir erros e sinalizar mudanças na economia. Agora, com cheiro de recessão no ar, pode ser um pouco tarde e soar falso, diz o petista.
Equívocos à parte, a eleição está indefinida. Até os tucanos sonham com uma reviravolta. Se teve uma, por que não duas? O lema: entre a continuidade do que está dando errado e o sonho que pode virar pesadelo, melhor a mudança segura.
Pode ser, mas a tendência de hoje é Marina e Dilma no segundo turno. A ambientalista, que até agora só teve vento a favor, passa a ser alvo. Suas contradições serão exploradas.
Munição ela já deu aos oponentes ao pôr e retirar do seu programa a exploração da energia nuclear e o apoio ao casamento gay e à criminalização da homofobia. Diz ter sido um erro, mas será cobrada por isso.
A tática da desconstrução de Marina envolve, porém, risco. Pode ser vista como último recurso da velha política contra o novo. Só que não há outra saída para PT e PSDB.
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