Catia Seabra – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Reconhecendo dificuldade de mobilização, centrais sindicais e movimentos de esquerda descartam a realização de greve geral nesta sexta-feira (10), para quando está planejado um ato contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
Organizado pela Frente Brasil Popular, o ato de sexta está programado para ocorrer em São Paulo às 17h, na av. Paulista, em frente ao Masp. Também estão previstos atos em ao menos outras 20 cidades, como Brasília, Rio, Porto Alegre e Curitiba.
Entre os participantes da frente estão CUT, CTB, UNE, MST e MTST, entre outros, e conta com o apoio de partidos de esquerda.
Uma greve geral foi cogitada pelo presidente do PT, Rui Falcão, em um texto divulgado nesta semana pelo partido.
Para os movimentos de esquerda, no entanto, a paralisação ainda estaria "em construção", sem forças para ocorrer agora. Numa recente reunião, os sindicalistas admitiram que um movimento desse porte só será possível depois que o presidente interino, Michel Temer, colocasse em prática propostas de retirada de direitos dos trabalhadores. Citam como exemplo uma reforma da Previdência Social.
Segundo um integrante de uma central sindical, as medidas adotadas pelo próprio governo Dilma, que culminaram em alta nas taxas de desemprego e inflação, também dificultam a convocação de uma greve geral neste momento.
Douglas Rizzo, presidente da CUT de São Paulo, afirma que a greve aconteceria depois de aberto o "pacote de maldades" de um eventual governo Temer.
"Temos dificuldade de paralisação. Tanto é que estamos construindo a greve geral. A fala do Rui Falcão está descolada da realidade do que estamos vivendo com os trabalhadores. Mas o pacote de maldades que este governo interino está prometendo é tão grande que, se houver impeachment, e Temer aplicar 10% dessas maldades contra os trabalhadores, eles vão atender à mobilização das centrais", disse Rizzo.
Presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, afirma que a central está "construindo uma greve geral com suas bases para lutar contra retrocessos", mas que só ocorrerá quando Temer encaminhar ao congresso medidas de retirada de direitos. Ainda não tem data marcada.
Apesar descartarem paralisação como queria Rui Falcão para esta sexta, algumas categorias –como de servidores públicos– podem suspender atividades no dia.
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