Daniel Carvalho, Marina Dias – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Terceira maior força do país em número de prefeitos eleitos no domingo (2), o PSD prepara uma ofensiva para polarizar com o PSDB no governo Michel Temer.
A legenda de Gilberto Kassab, ex-ministro das Cidades de Dilma Rousseff e atual ministro de Ciência e Tecnologia e Comunicações de Temer, elegeu 539 prefeitos no primeiro turno, 8,5% a mais que em 2012, e pode conquistar sete prefeituras no segundo turno.
A sigla reelegeu Luciano Cartaxo em João Pessoa (PB) e pode levar a prefeitura de Curitiba (PR), onde Ney Leprevost disputa com Rafael Greca (PMN).
Em números absolutos, o PSD ultrapassou o PT e ficou atrás apenas de PMDB, que elegeu 1.029 prefeitos, e PSDB, com 793 prefeituras.
Diante do resultado, a cúpula do partido já começou a traçar seu roteiro a partir de agora. O primeiro passo é tentar eleger o próximo presidente da Câmara, em fevereiro, e, depois, com mais de 500 de prefeitos, se credenciar para 2018 com uma eventual candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, filiado ao partido.
Com a chance de os tucanos se divorciarem do governo para lançarem candidato próprio em 2018, a cúpula do PSD avalia que ganha força para negociar com o PMDB a vice em uma chapa presidencial.
Os planos dos correligionários de Kassab, no entanto, dependem do sucesso da política econômica de Meirelles, que defende medidas como o estabelecimento de um teto para os gastos públicos, inclusive para saúde e educação, e uma reforma da Previdência.
A avaliação de dirigentes tucanos, porém, é que o PSD realmente cresceu, mas ainda não tem estatura de protagonista. Eles acreditam que o PSDB saiu muito mais forte da eleição municipal e que, por isso, o PMDB pode optar pela legenda como aliada.
PRIMEIRO ROUND
O primeiro embate entre PSD e PSDB deve se dar na disputa pela presidência da Câmara, no início de 2017.
O PSD tentará emplacar novamente o líder de sua bancada, Rogério Rosso (DF), que perdeu em julho para o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O problema é que o partido de Kassab tem 35 deputados, apenas a sexta bancada federal.
Pelo PSDB, há ao menos dois nomes de olho no cargo: o atual líder do partido na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), e seu antecessor, Carlos Sampaio (SP).
O partido precisará de consenso em torno de um deles e uma opinião que deve ser levada em consideração é a do governador Geraldo Alckmin, que ganhou força após conseguir eleger prefeito de São Paulo seu afilhado João Doria.
Imbassahy minimiza o confronto. "Não temos cuidado disso. Acho meio fora de hora. Tem que focar na recuperação da economia", afirmou o deputado.
O PSDB tem todo o interesse em conquistar o comando da Câmara para tocar sua pauta de projetos de austeridade, garantindo assim discurso para 2018.
"A eleição na Câmara é uma decisão interna. Não se elege de fora para dentro. Mas é natural que o PSDB apresente um nome. É um bom momento para o partido ter o presidente da Câmara", disse o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG).
Tucanos e peemedebistas avaliam que a vida do PSD também não será tranquila. Um dos líderes do centrão, Rosso terá que disputar com Jovair Arantes (PTB).
Maia, por sua vez, diz que o resultado de eleição municipal e o consequente rearranjo das forças partidárias têm impacto apenas na composição de bancadas, sem efeito na disputa na Câmara ou na presidencial.
"Qualquer outra análise é invenção ou não tem comprovação estatística", ponderou o presidente da Câmara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário