Por Ricardo Mendonça – Valor Econômico
SÃO PAULO - Além de ter sido o mais votado do país, o que mais elegeu prefeitos em cidades grandes e médias e o que irá governar para a maior fatia do eleitorado, o PSDB também foi o mais eficiente dos partidos na conta que leva em consideração o número de eleitos em função do total de candidatos próprios inscritos na disputa.
Dos 1.721 tucanos que se lançaram a prefeito neste ano, quase metade (46%) triunfou, conforme os resultados do primeiro turno. É a melhor taxa na comparação com as outras 34 legendas.
Com postulantes disputando segundo turno em 19 municípios, a taxa de eficiência do PSDB ainda poderá variar positivamente para até 47,1%.
Imediatamente atrás do PSDB nesse ranking aparecem o PMDB, com 44,3% de seus candidatos próprios já eleitos; o PP, com 43,4%; e o PSD, com 40,3%.
Partido severamente afetado pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato, alvo das maiores manifestações de 2015 e afastado da Presidência da República com o impeachment de Dilma Rousseff, o PT lançou 981 candidatos a prefeito neste ano, cerca de metade do que havia lançado quatro anos atrás. Produto dessas dificuldades, elegeu apenas 26,1% de seus representantes, o que o coloca na 13ª posição no ranking de eficiência.
Na comparação com os resultados das eleições municipais de 2012, PSDB, PMDB e PP variaram pouco. Naquele ano, as taxas de eficiência dessas três siglas foram 43,9%, 45,6% e 45%, respectivamente. A sigla campeã em eficiência quatro anos atrás foi o PSD, com 46,4% dos candidatos próprios eleitos. O PT já havia registrado uma taxa de eficiência menor que a de seus principais concorrentes, 36,9%. Mas foi um resultado quase 11 pontos melhor que o atual.
Para o cientista político Cláudio Couto, o PT se saiu muito pior nesse ranking porque tem uma identidade partidária forte.
"Numa situação de crise como a atual, e com vários de seus membros acusados e condenados por corrupção, quem tem marca própria forte paga um preço maior", diz. "É por isso que o PP, com muito mais políticos envolvido com corrupção, ou o PMDB, também muito afetado na Lava-Jato, não sofrem da mesma forma. São partidos sem identidade partidária própria."
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, é um dos que pode ter sido prejudicado por isso, afirma. "Eu ouvi gente em São Paulo dizendo que votaria pela reeleição de Haddad se ele não fosse do PT", lembra Couto. "Isso não acontece com candidatos de outros partidos atingidos pelos escândalos. Ter marca forte tem seu bônus, mas no momento de crise é letal. Vira enorme ônus."
O ranking de eficiência partidária elaborado pelo Valor considera apenas os candidatos próprios de cada partido. Um estudo mais detalhado poderia computar os resultados obtidos por candidatos a vice que pertencem a siglas diferentes dos cabeças de chapa e, ainda, as coligações.
É preciso considerar também que, no meio político, não eleger um candidato em disputa majoritária nem sempre é sinônimo de derrota. Muitas vezes um partido lança um candidato a prefeito mesmo sabendo que o postulante tem pouca chance. Faz isso para colocar o nome do político em evidência e pavimentar sua trilha para futuras eleições.
Em outros casos, um candidato com pouco potencial para ser eleito pode disputar apenas para aumentar a exposição do número do partido e, assim, ajudar nas eleições para vereador.
Nas eleições para as Câmaras Municipais, a ordenação dos partidos em função da taxa de eficiência é ligeiramente diferente.
Partido com a maior capilaridade, o PMDB lançou 39.023 candidatos a vereador em todo o país. Foi o campeão em número absoluto de eleitos, 7.570, e também em eficiência, com 19,4% de sucesso eleitoral. Imediatamente atrás estão o PP, com 19%; o PSD, com 17,8%; e o PSDB, com 17%.
O PT aparece em 10º lugar nesse ranking com 13,2% (21.360 candidatos, 2.809 eleitos).
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