Folha de Paulo
Cientistas políticos costumam ser céticos
em relação a elas
Bolsonaro adoraria fugir
dos debates, mas, como está muito atrás de Lula, esse talvez seja um luxo
ao qual ele não pode se dar. Já o petista afirma que não tem condições de
atender a todos os pedidos de debate e sugere que os órgãos de imprensa se
organizem num "pool". Qual a real influência
de debates, e, num sentido mais amplo, das próprias campanhas eleitorais,
no resultado de pleitos?
Candidatos, marqueteiros e jornalistas tendem a ver as campanhas como o front onde se vence ou perde a disputa. Cientistas políticos costumam ser mais céticos. É claro que, numa eleição apertada, daquelas que se decidem milimetricamente, pequenos movimentos podem ter grandes consequências. Aí, incidentes de campanha e eventualmente até um desempenho desastroso num debate podem fazer a diferença. Mas nem todo pleito é decidido no olho eletrônico.
Cientistas políticos americanos
desenvolveram modelos de previsão eleitoral que, valendo-se apenas de dados
econômicos e sociais, ou seja, sem analisar pesquisas, marketing ou discursos,
conseguem, com vários meses de antecedência e boa precisão numérica, antecipar
quem vencerá, não no colégio eleitoral, sistema que multiplica as incertezas,
mas no voto popular. Psicólogos também são capazes de, a partir de rápidos
questionários, sem perguntas políticas, dizer em quem o eleitor votará com
índices de acerto de 80%.
Diante de evidências desse tipo, Andrew
Gelman, num clássico artigo dos anos 90, se perguntou: se os votos são tão
previsíveis, por que as pesquisas variam tanto? Ele próprio esboça uma
resposta. O processo de tomada de decisão do eleitor, em especial o independente,
não é linear. Ele hesita, muda de ideia, mas, ao fim e ao cabo, com grande
frequência confirma os prognósticos dos modelos.
Se essa hipótese é correta, não importa
muito o que façam Lula e Bolsonaro, a inflação despachará o presidente para
casa... ou para a Papuda.
Um comentário:
A papuda o espera,junto dos filhos.
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